Na praia de Piatã, em Salvador, é possível encontrar centenas de gatos abandonados, que estão recebendo tratamentos da população e de ONGs locais
Se você passar pela orla da praia de Piatã, em Salvador, é provável que irá se deparar com centenas de gatos, que após terem sido abandonados por seus antigos donos, passaram a ocupar a região. Preocupados com o bem-estar dos animais, voluntários vão até o local todos os dias para cuidar dos felinos, no que ficou conhecida como a colônia de gatos de Piatã.
Porém, muitos especialistas se mostraram preocupados com o risco que os animais apresentam para a saúde pública, e o caso foi parar na Justiça, que determinou que a prefeitura é obrigada a cuidar dos felinos.
Segundo Marcelle Moraes, secretária de Sustentabilidade, Resiliência e Bem-estar e Proteção Animal de Salvador (SECIS), alguns dos gatos apresentam quadros de esporotricose, uma micose que provoca lesões na pele, que está se espalhando descontroladamente entre os animais.
Os animais não recebem cuidados básicos de saúde, e são os voluntários que tentam tratá-los, mas não há locais públicos para isso. A demora do Poder Público em auxiliar no diagnóstico e recolhimento dos animais só faz aumentar o problema.”, disse Patruska Barreiro, dona de uma clínica veterinária gratuita que está tratando dos felinos.
No último dia 3, a Justiça estabeleceu um prazo de 15 dias para que a Prefeitura de Salvador entregue um plano de retirada dos animais, que deve incluir um local próprio para recebê-los, conforme repercutido pelo UOL.
Visando solucionar este problema, a secretária Marcelle Moraes esclareceu que a prefeitura está elaborando um plano desde o ano passado, chegando a realizar o credenciamento de um ONG que irá recolher, abrigar e tratar dos felinos, que posteriormente serão colocados para adoção.
O outro passo será iniciar o plano de trabalho para fazer o resgate, depois uma triagem das reais necessidades dos animais. Aí vamos separar os sadios e tratar os doentes com medicamentos e cirurgias, além de dar vacinas. E eles devem ser colocados para adoção.”, explicou Marcelle Moraes.
Contudo, a ONG escolhida, chamada Associação Doce Lar, disse estar aguardando o acerto do contrato. "Estamos nos preparando internamente, mas não sabemos se seremos chamados", afirmou Constança Costa, fundadora e presidente da ONG.
Uma das principais queixas dos ativistas, que cuidam dos gatos diariamente, é que não há punição para as pessoas que abandonam os animais no local. Segundo a secretária municipal Marcelle Moraes, câmeras de alta resolução com infravermelho foram instaladas na orla. “Sempre que tem caso, encaminhamos à polícia, que nunca deu retorno.”, adicionou.
Mas segundo a Polícia Civil, o abandono de felinos no local não configura crime, o que limita a sua atuação. “Maus tratos a animais configuram-se por lesão, mutilação ou qualquer ato de abuso que possa incidir sofrimento físico ao animal. No local relatado, os animais são alimentados por populares diariamente.”, disse a Polícia Civil da Bahia em uma nota.