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Notícias / Brasil

29 anos depois, novela censurada sobre Fernando Collor tem capítulos revelados no YouTube

Impedida de ser exibida pela Justiça em 1993, as fitas de "O Marajá", inéditas por 29 anos, abordam temas polêmicos

Wallacy Ferrari Publicado em 02/02/2022, às 11h19

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Imagens recuperadas mostram cenas da minissérie "O Marajá" - Divulgação / YouTube / Canal Memória
Imagens recuperadas mostram cenas da minissérie "O Marajá" - Divulgação / YouTube / Canal Memória

Um mistério da teledramaturgia brasileira foi finalmente revelado depois de 29 anos de desconhecimento público; a minissérie "O Marajá", produzida e prevista para ser lançada em 1993 pela extinta Rede Manchete – mas impedida pela Justiça de ser exibida após solicitação do ex-presidente Fernando Collor de Mello– finalmente teve o conteúdo de seus capítulos revelados.

Na época, a mistura de seriado com documentário inspirado nos entrelaços do político, que havia renunciado ao cargo máximo no fim do ano anterior, em meio a um conturbado processo de impeachment, contaria com sósias do presidente e da primeira dama Rosane. A peça chegou a ser anunciada na programação, mas no dia da estreia, o recurso de Collor contra a exibição foi aceito, impedindo a veiculação.

Agora, a obra foi recuperada pelo administrador do Canal Memória, no YouTube, que afirma que não adquiriu as imagens através de um recente leilão das fitas da emissora, mas que já as detém desde 2014, obtendo diretamente com um ator que fez parte da novela, mas teve sua identidade preservada, conforme explicou na descrição dos vídeos.

As imagens foram restauradas a partir de quatro fitas do tipo Betacam, que era comumente utilizada internamente em emissoras brasileiras antes da implementação de sistemas digitais. Numeradas em ordem e com "FINALIZADO" em sua etiqueta, não havia nenhuma inscrição apontando que material presente na fita era de "O Marajá", o que dificultou sua descoberta. 

O que tem nas fitas

As duas primeiras partes totalizam mais de uma hora de conteúdo inédito, sendo 40 minutos na primeira e mais 20 na segunda parte, contando com grandes atores, como Julia Lemmertz, Alexandre Borges e apresentação de informações por Luiz Armando Queiroz, que liga as partes documentais com as cenas de teledramaturgia.

Ao contrário do que se argumentava pela emissora, as citações eram diretas, usando imagens e expondo críticas claras ao presidente. Nas cenas de atuação, ele é tratado como “Elle”, mas após uma enxurrada de trechos do próprio presidente em discursos e atividades presidenciais.

A novela ainda surpreende pelo padrão pouco usual do uso de plano sequência para cenas, chegando a colocar o telespectador no ponto de vista de um cinegrafista que auxilia uma repórter, interpretada pro Julia Lemmertz, durante a cobertura de um evento com o presidente.

Em uma das cenas, ela encontra mulheres ligadas ao governo usando drogas e revelando um suposto esquema de enriquecimento ilícito no banheiro feminino da cerimônia presidencial.

Em outra, seu namorado na trama aparece na piscina, agarrado e aos beijos ao intérprete do ex-presidente e mais uma garota, enquanto a interprete da primeira-dama assiste a cena com desprezo, dando a entender que “Elle” era bissexual.

Vale lembrar que as acusações de corrupção e os boatos sobre o uso de drogas, especificamente cocaína, e sobre a bissexualidade do político, foram negados por Collor em entrevista a Roberto Cabrini, no ano de 1995.

O Canal Memória, que já publicou duas partes do material, ainda acrescentou que o conteúdo será integralmente publicado e disponibilizado gratuitamente após restauração.

Assista abaixo a primeira parte de "O Marajá", inédito desde 1993: