Foto mostra o primeiro contato com os índios, nos anos 1960, no Mato Grosso
Em dezembro de 1960, uma expedição liderada pelos irmãos Cláudio e Orlando Villas Boas saía do posto indígena Diauarum (localizado no norte do Parque do Xingu, no Mato Grosso) com o objetivo de chegar ao rio Liberdade, na fronteira com o Pará.
A região, umas das mais inóspitas do país, nunca havia sido visitada por não-indígenas. O Brasil vivia uma febre de expansão para o interior. Um novo país estava nascendo floresta adentro. E a fundação de Brasília, pouco mais de um ano antes, era apenas um sinal disso.
Era preciso mapear os rios, abrir campos de pouso e levantar redes de telégrafo, tornando o povoamento possível. O grupo iria visitar o marco do centro geográfico brasileiro (ou seja, o ponto médio entre os extremos do país), definido pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Entre políticos, militares e os guias indígenas de expedição, havia apenas uma mulher: a advogada Cecília Zarur, então com 45 anos. Menos de um ano antes, ela havia deixado o Rio de Janeiro para morar na nova capital, Brasília. Em seu diário, onde reuniu fotos e anotações dos dez dias de viagem pela floresta, Cecília registrou suas impressões daquele momento histórico: "Bebo a água do novo rio: leve e cristalina". Em uma de suas fotos, registrou o momento do encontro dos irmãos Villas Boas com os índios do Xingu.