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Vítor Soares / Massacre de Nanquim

Massacre de Nanquim, um dos eventos mais traumáticos da história da China

O Massacre de Nanquim, um dos eventos mais perturbadores da história da China, foi praticado pelo Japão; conheça o episódio

Vítor Soares, professor de História Publicado em 02/03/2025, às 09h00

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Detalhe de uma escultura do sobrevivente do Massacre de Nanquim, Ni Cuiying - Getty Images
Detalhe de uma escultura do sobrevivente do Massacre de Nanquim, Ni Cuiying - Getty Images

Existe limite para a maldade humana? Como barrar o imperialismo? Essas são apenas algumas perguntas que podemos nos fazer quando estudamos com mais atenção o que foi o Massacre de Nanquim, um dos eventos mais traumáticos da história da China, que foi praticado pelo Japão.

O episódio é delicado, e envolve temas sensíveis, principalmente violência e abuso contra mulheres. Então, se você é uma pessoa mais sensível ou não está passando por um bom momento, recomendo outro vídeo.

Eu também preciso enfatizar que a minha função aqui não é escandalizar ninguém ou chocar, apenas falar sobre o passado. Como sempre, vou usar fontes e autores confiáveis que você pode consultar na descrição do vídeo, presente no final do texto.

A primeira coisa que precisamos fazer nesse episódio é entender qual era o momento que o Japão estava vivendo na virada do século XIX para o século XX. Nessa transição, o país saiu de um cenário de atraso para um avanço industrial e militar considerável na chamada Revolução Meiji. Essa revolução marcou a transição do Japão de um sistema feudal para uma potência moderna e industrializada.

A revolução

O movimento começou em 1868, quando o xogunato Tokugawa foi derrubado e o imperador Meiji foi restaurado como figura central de autoridade, encerrando mais de dois séculos de governo militar.

Apesar de o imperador ser o símbolo da nova era, o verdadeiro poder estava nas mãos de reformistas que buscavam modernizar o país. Essa modernização foi motivada, em grande parte, pela pressão externa, principalmente após a chegada de navios estadunidenses em 1853.

O Japão viu a necessidade de reformar sua sociedade e economia para evitar o destino de outras nações asiáticas, que foram colonizadas pelas potências ocidentais. Durante a revolução, o país passou por várias mudanças.

Na política, o sistema feudal foi abolido, e um governo centralizado foi estabelecido. Os daimyos (senhores feudais) e os samurais perderam seus privilégios, enquanto o país adotava uma constituição baseada em modelos ocidentais. Na economia o foco foi a industrialização, com investimentos em infraestrutura como ferrovias, fábricas e estaleiros.

O Japão rapidamente se tornou uma economia moderna, com a introdução de bancos e corporações industriais, as chamadas zaibatsu. No campo militar, o exército e a marinha foram reorganizados com base em modelos ocidentais, principalmente alemães e britânicos, transformando o Japão em uma potência militar regional.

Grandes empresas

A partir da Era Meiji, o Japão abriu sua economia para o desenvolvimento industrial e como consequência conseguiu modernizar seu país. Uma das características desse desenvolvimento, foi a criação de grandes empresas que conhecemos até hoje, como Mitsui, Mitsubishi e Sumitomo.

O termo em japonês para elas é Zaibatsu, que significa um grande conglomerado industrial e financeiro. Só que uma característica bem importante dessas empresas japonesas e que pouca gente fala é que o Estado teve um papel fundamental para o desenvolvimento de cada uma. O que aconteceria no Japão é o investimento público, através do Estado, desenvolver algumas empresas, para essas empresas ajudarem o país a estruturar sua indústria de base para o desenvolvimento do país.

Quem explica um pouco desse processo é o historiador Jean Chesneaux ao dizer o seguinte: “Os interesses privados agiram, primeiramente por intermédio do Estado, isto é, fundos públicos, a fim de criar as bases onerosas de uma economia moderna. Quando as novas empresas tornaram-se rentáveis, foram transferidas, em 1881, para o setor privado, em condições muito vantajosas.” Ou seja, fica claro que uma das escolhas do desenvolvimento japonês esteve ligado à uma economia capitalista com uma grande influência do Estado para o crescimento das empresas e consequentemente um crescimento do país.

E, se olharmos os números, notaremos que essa parceria deu certo. O mesmo historiador vai trazer alguns dados. Se no início dos anos 1875 o Japão produzia 600.000 toneladas de carvão, em 1905 o país passou a produzir mais de 13 milhões; a produção da metalurgia foi de 26.000 toneladas em 1890 para 145.000 em 1906; e esses números foram possíveis porque o país ultrapassou a marca de 7.000 Km em estradas de ferro por todo país. Enfim, eu poderia mostrar mais dados para vocês, mas creio que ficou bem claro como o país desenvolveu sua indústria de base na fase final do século XIX tendo como grande parceiro os Zaibatsus.

Só que todo esse crescimento econômico e industrial coloca o Japão diante de um dilema: como um país tão pequeno e sem tantas terras férteis vai lidar com o crescimento populacional e esse excedente de produção? Será nesse momento que o Japão passará por uma fase de mudança de mentalidade.

Confira a história completa aqui: