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Mistério de 70 anos envolvendo famoso roubo de retrato pode ter sido solucionado

Mistério teria sido resolvido por historiadora da arte, que recentemente publicou suas descobertas no British Art Journal

por Giovanna Gomes
ggomes@caras.com.br

Publicado em 21/03/2025, às 08h33

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Retrato de Wolfgang Wilhelm de Pfalz-Neuburg - Divulgação/British Art Journal
Retrato de Wolfgang Wilhelm de Pfalz-Neuburg - Divulgação/British Art Journal

Uma historiadora da arte solucionou um mistério que perdurou por mais de sete décadas: o desaparecimento do esboço a óleo Retrato de Wolfgang Wilhelm de Pfalz-Neuburg, pintado no século 15 pelo renomado artista da corte britânica Anthony Van Dyck.

A obra havia sido roubada em 1951, e por anos não se soube quem a subtraiu, nem como isso aconteceu. As respostas vieram agora, graças à investigação minuciosa conduzida por Meredith Hale, especialista em arte e cultura visual, que publicou suas descobertas no British Art Journal.

O esboço fazia parte de um conjunto de 37 estudos a óleo realizados por Van Dyck, pertencentes à coleção do palácio Casa Boughton, residência do Duque de Buccleuch e Queensberry. Foi ali que, séculos antes, a coleção permaneceu até 1682. O sumiço da pintura só veio à tona quando a duquesa Mary Montagu Douglas Scott reconheceu o esboço em exibição no Museu de Arte Fogg, da Universidade Harvard.

Durante sua pesquisa, a historiadora Meredith Hale examinou correspondências arquivadas no Reino Unido, nos Estados Unidos e no Canadá, incluindo documentos da famosa casa de leilões Christie’s, em Londres. Com isso, conseguiu reconstruir a trajetória da pintura e identificar Leonard Gerald Gwynne Ramsey como o responsável pelo roubo.

Ramsey, um membro respeitado da Sociedade de Antiquários, visitou Boughton em 1951 para escrever um artigo sobre a coleção do palácio, publicado no Year Book no ano seguinte. Na época, o local armazenava importantes tesouros históricos, resguardados devido aos riscos da Segunda Guerra Mundial.

Segundo Hale, os esboços de Van Dyck eram mantidos em painéis de madeira e retratavam figuras ilustres, como príncipes e líderes militares. O Retrato de Wolfgang Wilhelm, em específico, estava posicionado próximo à entrada de um banheiro ou depósito, o que pode ter facilitado sua retirada sem levantar suspeitas.

"Por meio de novas pesquisas de arquivo no Reino Unido, EUA e Canadá, consegui reconstruir os movimentos da pintura ao longo de três gerações, conforme ela passou pelas mãos de especialistas, conservadores, leiloeiros, negociantes e colecionadores de Londres a Toronto", explicou Hale em comunicado. Ela também encontrou correspondência entre Ramsey e o historiador de arte Ludwig Goldscheider, onde o ladrão confessa sua intenção de vender a obra para comprar novas cortinas.

Certificado

Foi Goldscheider quem providenciou um certificado de autenticidade, permitindo que a pintura fosse leiloada anonimamente em 1954 por 189 libras esterlinas (cerca de R$ 1.388 na cotação atual).

A partir daí, a obra foi revendida para um para um comprador de artes em Nova York e, mais tarde, para a colecionadora Lillian Malcove por 2.700 libras (aproximadamente R$ 19.832). Malcove acabou doando o esboço ao Museu de Arte Fogg, onde foi reconhecido pela duquesa Mary Montagu Douglas Scott.

As suspeitas sobre a origem da obra levaram o diretor do museu, John Coolidge, a questionar Ramsey, que alegou tê-la adquirido em Hemel Hempstead, sem saber se era genuína. Goldscheider também alegou ignorar a autenticidade do certificado emitido.

Com tantas incertezas, o Museu de Harvard devolveu a pintura a Malcove em 1960. Após a morte da colecionadora, em 1981, a obra foi doada ao Museu de Arte da Universidade de Toronto.

Ao fim da investigação, Hale confirmou que o esboço era de fato a peça roubada da Casa Boughton. Como resultado, o Comitê Executivo da Universidade de Toronto votou por devolver o Retrato de Wolfgang Wilhelm de Pfalz-Neuburg ao Duque de Buccleuch, encerrando um mistério de 73 anos.

+ Confira aqui o artigo completo publicado no British Art Journal.