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Testeira

13: o número da sexta e de Hitchcock

Parabéns ao mestre do terror! Imagine como seria viver na forma em que ele conta as histórias em seus filmes?

Coluna - Daniel Bydlowski, cineasta Publicado em 13/08/2021, às 22h28

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Ilustração de Hitchcock - Eugenio Hansen, via Wikimedia Commons (Creative Commons)
Ilustração de Hitchcock - Eugenio Hansen, via Wikimedia Commons (Creative Commons)

Primeiro, entra rapidinho na mente de Alfred Hitchcock, que faria 122 anos, nesta sexta-feira 13. Depois, você acorda de manhã e rouba 40 mil dólares, que atualmente seria muito mais que isso, e sairia em busca de um esconderijo em outra cidade.

Isso, você entraria em Psicose(1961), em uma bela de uma tempestade fugindo para tentar não ser pego e cairia em um hotel de beira de estrada. Tá, tudo bem, é um livro de Robert Bloch, mas toda a tensão do filme, imagens e cortes, todo o suspense sonoro escolhido a dedo, as vezes acreditamos que a história saiu daquela mente maquiavélica que fez com que toda a história tomasse uma proporção enorme.

Voltando. Chegando ao lugar das acomodações, você teria que ter um diálogo para lá de esquisito com o hoteleiro, e depois ser assassinado na banheira. Ah, e não se esqueça que ouvirá uma música extremamente desconfortável e amedrontadora. E não sei se sabe, mas essa cena era para ser completamente sem áudio, mas no último segundo, literalmente, resolveu pedir uma trilha sonora para o grande momento do longa.

E depois de viver tudo isso, caso a morte tivesse reversão, você seria teria restrições na Disneylândia, porque depois desse filme o mestre foi banido de gravar na casa do Mickey.

Continuamos no nosso dia de sexta-feira 13 com Hitchcock. Você pode se tornar um alucinado por voyeurismo e começar a fazer da vida de seus vizinhos entretenimento. Até que suspeita de um assassinato, em A Janela Indiscreta, baseado no livro homônimo do autor Cornell Woolrich. Depois, a única saída é enlouquecer sem saber se realmente tudo está acontecendo, ou são só impressões de cortes através das janelas. E se prepare para ter diálogos velados e hipnotizantes sobre ética.

Você também pode escolher enfrentar um dos seus maiores medos, como o personagem Scottie, de Um Corpo que Cai (1958), que lidou com sua fobia de altura para cumprir a missão de seguir a esposa de um amigo. Ainda, você a torna em uma espécie de entidade sagrada no qual é apaixonado, e se quiser deixar mais ainda verdadeiro, passe um tempo no quarto 501 do Hotel Vertigo, em Nova York, é lá que os dois personagens se encontraram, por que não? Vai que você encontra a mulher que vai estar no meio de cobras, ou viciada em elevadores, seja lá qual for a sua fobia.

E para sua historinha Hitchcockiana ficar ainda mais ensandecida, comece a namorar com outra pessoa e a faça vestir as roupas da musa sagrada que você seguiu, primeiro por amizade e depois por obsessão. Pronto, a receita perfeita para você viver dentro de um filme do mestre, adaptado do livro francês de Pierre Boileau e Thomas Narcejac.

Bom, falando em fobias, você pode criar uma ao adentrar no universo de Os Pássaros (1963). Um belo dia, você acorda e sua cidade está tomada de aves pretas assustadoras. Aí você está tomando seu café da manhã, numa boa, e de repente eles começam a te atacar, mas não são bicadinhas, elas matam pessoas. Agora sim, sua sexta-feira 13 será espetacular. Para montar essa vivência, além de ler a obra literária que serviu de inspiração, The Birds, de Paul Muldoon, você vai precisar de 3.200 pássaros treinados.

Se tudo isso não for suficiente, você pode perceber, assim como Hitchcock, o efeito que um Inquilino (1927) indesejado pode fazer na sociedade, alugue um quarto para ele. Espie só se nas terças-feiras ele não vai sair para atacar moças loiras inocentes, a meia noite, nas ruas de sua cidade. E com isso, você verá o terror instalado, muito mais do que qualquer gato preto neste mesmo horário, no aniversário do renomado mestre do terror e, ainda, em uma sexta. E neste você terá que entrar mesmo na cabeça dele, pois saiu tudo de lá.

Seja enfrentando fobias, seja ajudando maus pensionistas ou mesmo roubando 40 mil dólares por aí. Sua sexta-feira 13 com certeza nunca mais será a mesma se viver alguma das histórias de Alfred Hitchcock.


Sobre o cineasta

O cineasta brasileiro Daniel Bydlowski é membro do Directors Guild of America e artista de realidade virtual. Faz parte do júri de festivais internacionais de cinema e pesquisa temas relacionados às novas tecnologias de mídia, como a realidade virtual e o future do cinema. Daniel também tenta conscientizar as pessoas com questões sociais ligadas à saúde, educação e bullying nas escolas. É mestre pela University of Southern California (USC), considerada a melhor faculdade de cinema dos Estados Unidos. Atualmente, cursa doutorado na University of California, em Santa Barbara, nos Estados Unidos. Recentemente, seu filme Bullies foi premiado em NewPort Beach como melhor curta infantil, no Comic-Con recebeu 2 prêmios: melhor filme fantasia e prêmio especial do júri. O Ticket for Success, também do cineasta, foi selecionado no Animamundi e ganhou de melhor curta internacional pelo Moondance International Film Festival.