César Eduardo Fernandes acredita que a população brasileira não tem real dimensão da situação que estamos passando. "Muitas as pessoas pensam que não serão contaminadas”
Nos últimos dias, sistemas de saúde de diversos estados vem entrando em colapso, o que contribui para os números recordes de mortes que o Brasil vem superando por conta da Covid-19. Como se não bastasse, o plano de vacinação caminha lentamente, com expectativa de terminamos o ano ainda sem imunizar toda a população.
Apesar disso tudo, o César Eduardo Fernandes, presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), em entrevista à RFI, acredita que a população ainda não tem real dimensão da situação que o Brasil se encontra, apontando três motivos para isso.
"A impressão que eu tenho é que muitas as pessoas pensam que não serão contaminadas. Também acho que há a exaustão: não são só os médicos e os profissionais de saúde que estão exaustos, mas a população também”, diz Fernandes.
“O terceiro ponto é que imaginávamos no final do ano passado que nessa época estaríamos nos despedindo da pandemia porque nossos números eram declinantes e todos se prepararam para voltar à vida normal. Ou seja, há um descompasso entre a expectativa que a população tinha e a realidade que vivemos", completa.
Isso fez com que a AMB, nesta semana, publicasse um manifesto reiterando a importância do uso de máscaras e fazendo um apelo para que governadores e gestores públicos priorizassem a vacinação e as medidas de prevenção contra a Covid-19. "Através dessas notas que emitimos, tentamos chamar a atenção para questões que são muito simples de serem praticadas e de alta eficácia".
Para o presidente da Associação Médica Brasileira, a situação vivida no Brasil tende a piorar ainda mais nos próximos dias e semanas, principalmente pela chegada das variantes que trazem um ponto de incertezas.
"É natural que os vírus sofram mutações e é o que está acontecendo com o coronavírus. Essas novas cepas, ao que tudo indica, são muito mais virulentas do que a anterior, e oferecem evolução para casos mais graves. Além disso, se especula sobre a eficácia das vacinas sobre essas novas cepas. Então, todo esse cenário mostra que esse é o pior momento da pandemia que estamos vivendo", diz.
"Não queremos trazer desalento à população, mas nosso objetivo é mostrar a realidade com a transparência necessária. Não podemos nos enfraquecer e perder as esperanças. Vamos superar a Covid-19, mas não sabemos quando. Provavelmente, chegaremos em 2022 ainda lutando contra a pandemia", conclui.