Os dois repórteres agredidos já sofriam ameaças enquanto noticiavam uma área local com falta d'água e serviços básicos
Conforme noticiou a Agência France-Presse (AFP), durante três dias, dois jornalistas paquistaneses foram detidos e torturados depois de revelarem falhas em uma zona de quarentena na província do Baluchistão. A denúncia foi feita pela organização Repórteres sem Fronteiras (RSF).
De acordo com a RSF, os repórteres Saeed Ali Achakzai, da TV Samaa News, e Abdul Mateen Achakzai, da TV Khyber News, apareceram com marcas de tortura na manhã desta última terça-feira, 23, quatro dias após serem chamados ao centro de comando do Frontier Corps, em Chaman.
"A administração [local] não gostou da nossa cobertura", relatou à AFP Saeed Ali Ashakzai. Segundo o jornalista, que noticiou falta d'água e de outros serviços básicos, a denúncia teve resposta violenta por parte de representantes das forças de segurança. Eles foram agredidos e detidos na prisão de Machh.
"Cobriram nossos olhos [...] e depois começaram a nos espancar com paus e cabos de fibra ótica", contou o jornalista. "Depois de um momento, pensei: 'não vou sair desta. Vão me matar'".
Os dois jornalistas ficaram com marcas de pancadas e manchas roxas, segundo mostraram fotos enviadas à AFP. Em entrevista à agência, Zaullah Langove, ministro do Interior do Baluchistão, disse que foi aberta uma investigação e "três encarregados diretamente envolvidos no incidente foram suspensos".
Achakzai afirmou à RSF que ele e o colega já estavam sendo ameaçados via WhatsApp. O motivo apontado, segundo ele, é que "o vice-comissário e comandantes das forças paramilitares estavam descontentes" com as notícias sobre as instalações precárias da área em quarentena.