Durante a higienização, profissionais tiveram o cuidado de usar luvas para manusear os milhares de papéis de orações
Nem o ambiente sagrado e as orações depositadas no Muro das Lamentações, um dos locais históricos mais significativos de Jerusalém, ficaram imunes ao coronavírus. O muro milenar está sendo higienizado por precaução para evitar a propagação da doença.
As estruturas da muralha representam o único vestígio do Templo de Herodes, destruído no ano 70, durante uma revolta contra os romanos. Segundo a fundação responsável pela administração do muro, a Western Wall Heritage Foundation, uma limpeza foi realizada nele na manhã da última terça-feira, 31 de março.
Os trabalhadores utilizaram máscaras e roupas de proteção para a realização do serviço de limpeza. Enquanto isso, outra equipe usou luvas para remover os bilhetes de orações deixados entre as paredes do Muro das Lamentações.
Todos os anos, os papéis são retirados para dar espaços para novos bilhetes. De acordo com a Western Wall Heritage Foundation, para manter a tradição e respeitar os fiéis, neste ano os papéis foram retirados com maior cuidado, e depositados em sacos plásticos. Eles serão, por fim, enterrados junto à outros documentos sagrados, no Monte das Oliveiras.
"Durante esse período difícil, no qual a praga tem se alastrado ao redor do mundo e ameaçado nossas vidas, coletamos orações ao redor do mundo nos resquícios do templo destruído, orações para o Criador do Universo, para que ele nos mande cura completa e boa saúde", afirmou ao canal CBS, o rabino Shmuel Rabinowitz, que prega pelo muro sagrado.
O Muro das Lamentações é uma relíquia histórica que sofreu uma série de reviravoltas. Tudo começou em 957 a.C., com o Templo de Jerusalém, que foi erguido pelo rei Salomão, e teria abrigado a Arca da Aliança e as tábuas com os Dez Mandamentos.
Mas em 586 a.C, o Templo de Jerusalém foi derrubado pelos babilônios. Cerca de 500 anos mais tarde, ele foi quase reconstruído no mesmo local, por judeus. Por volta do ano 20 a.C. Herodes, o Grande, fez uma reforma de grande escala no templo, o expandindo.
Após romanos destruírem a construção, judeus iniciaram uma grande diáspora e, no século 7, construções islâmicas surgiram no local. Hoje, tudo que resta é o Muro das Lamentações, atualmente visitado por milhares de fiéis do mundo todo.