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Zveno: O porta-aviões voador

Na Segunda Guerra, bombardeiros soviéticos decolaram com até 5 caças - e funcionou!

Fábio Marton Publicado em 17/04/2017, às 09h00 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h35

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Configuração com dois caças - Domínio Público
Configuração com dois caças - Domínio Público
RETROTECH 

De Star Wars até Avengers, é um clássico imorrível da ficção científica: um avião (ou nave espacial) que carrega outros aviões. Mas, diferente de armas laser ou jetpacks, isso foi feito, testado em combate e provado viável.

A ideia não nasceu de visionários futuristas, mas de uma questão prática. Caças, sendo menores que bombardeiros, carregam menos combustível - o que quer dizer que têm menos autonomia de voo, isto é, a distância máxima que podem alcançar. Quanto aos bombardeiros, eles precisam de caças para protegê-los. Com essa discrepância, os caças só conseguiam proteger seus irmãos maiores por metade da viagem de ida, ficando ausentes da fase mais crucial, o ataque em si, quando os bombardeiros estavam vulneráveis aos inimigos. Essa é a razão por que bombardeiros da Segunda Guerra tinham tantas metralhadoras de defesa: eles precisavam se virar sozinhos.


Carregando os caças / Domínio público

Em 1931, o engenheiro Vladimir Vakhmistrov propôs conectar dois caças I-4 a um bombardeiro TB-1. Durante a decolagem, os motores de todos os aviões seriam ligados ao mesmo tempo. Além da autonomia adicional, os aviões menores poderiam também carregar bombas mais pesadas que o normal para atuarem como bombardeiros de mergulho - soltando sua carga enquanto disparavam na direção do solo, num ataque de precisão.

Após os primeiros voos com sucesso, o projeto evoluiu para o mais moderno bombardeiro TB-3, com caças Polikarpov I-3.

Testes se mostraram bastante promissores: não só a esquadrilha composta conseguia decolar sem dificuldades, mesmo com bombas ultrapesadas nos caças, como o bombardeiro se comportava de forma perfeitamente regular com os caças atrelados.

O projeto Zveno ("revoada") chegaria ao seu ápice como o Aviamatka (nave-mãe) de 1935, decolando com cinco aviões. Havia uma proposta para aumentar esse número para oito, com os caças se soltando e se prendendo novamente no caminho.

Quando Hitler rasgou o acordo Molotov-Ribbentrop e invadiu a União Soviética, três naves mãe Zveno-SPB (sigla em russo para "bombardeiro de mergulho composto") estavam prontas para o combate. Era um projeto mais modesto, com apenas dois caças sob as asas, mas também mais prático. Com a missão de atacar a Romênia, aliada dos nazistas, a esquadrilha conseguiria destruir pontes, oleodutos e outros alvos estratégicos. E até mesmo derrubar dois caças Messerschmitt Bf109, muito mais modernos que os I-16 soviéticos.


O Aviamatka no ar / Domínio Público

Dois Zveno extras seriam construídos, mas o projeto teve que parar porque os motores necessários eram caros demais e foram direcionados para aviões convencionais. Tanto o bombardeiro quanto os caças também eram bem antigos. Stálin decidiu guardar os brinquedos no hangar.

A nave mãe não era um conceito totalmente novo: aviõezinhos já haviam sido lançados de transportes ou dirigíveis. Mas isso nunca havia passado da fase de protótipo. Após a Segunda Guerra, o projeto foi experimentado pelos americanos, com o micro caça a jato XF-85 Goblin sob as asas do bombardeiro gigante B-36. Descobriram que mesmo pilotos veteranos tinham extrema dificuldade em prender o avião de volta. Nas missões do Zveno-SPB, os caças não se atrelaram de volta.

A ideia seria enterrada com a criação do reabastecimento aéreo, no final dos anos 1950. Isso eliminou o problema de autonomia dos caças. Mas ela é usada hoje para outro propósito: lançar veículos espaciais, como a série SpaceShip da empresa Virgin Galactic.