Diversos acontecimentos ocorridos durante os 99 anos do Duque de Edimburgo foram representados na produção da Netflix
Coluna - Daniel Bydlowski, cineasta Publicado em 17/04/2021, às 00h00 - Atualizado em 20/08/2021, às 09h00
No dia 09 de abril deste ano, a monarquia britânica anunciou o trágico falecimento do príncipe Philip, marido da Rainha Elizabeth II. Natural da Grécia, o então Duque de Edimburgo tinha 99 anos de vida, sendo que 73 foram vividos ao lado da esposa.
Nascido no dia 10 de junho de 1921, na Ilha de Corfu, o príncipe morreu de “forma pacifica” segundo comunicado do Palácio de Buckingham, sem ter sua causa revelada. E, apesar de sua vida parecer um livro aberto por culpa da constante cobertura dos tablóides britânicos, alguns aspectos da privacidade de Philip seguem um mistério.
Acontece que alguns assuntos não revelados parecem ter uma extrema importância para a Família Real. Ainda assim, muitas foram as especulações sobre inúmeros segredos que os envolveram ao longo dos anos, e que surgiram na imprensa seja nos jornais, livros, biografias não autorizadas, filmes, alguns de muito sucesso.
Foi isso que aconteceu, por exemplo, com o longa 'A Rainha', de 2006, dirigido por Stephen Frears, em que os momentos vividos e decisões tomadas durante a morte da Princesa Diana são revelados. E claro, com séries como a icônica 'The Crown'.
Talvez a mais notória e que tenha correspondido a todas as gerações, a produção da Netflix narra o início da vida de Elizabeth como rainha. E quase 90% da população do Reino Unido já nasceu sob o reinado de Elizabeth II com Philip como príncipe consorte.
Mas o que foi retratado na série sobre o Philip é verdade? Vamos ver.
Poucos sabem, mas Philip nem sempre teve uma vida de realeza. Muito do que foi demonstrado na série é verdade. Aos 18 meses de vida, Philip foi considerado refugiado político, quando sua família foi expulsa da Grécia por conta de um golpe militar. Foi abrigado por diferentes parentes em diversos países, não teve seus pais presentes enquanto crescia.
Elizabeth e Philip tiveram mesmo que batalhar pelo amor que sentiam um pelo outro. Como mostra 'The Crown', a família real não o aceitava, eram primos de terceiro grau, e ele não demonstrava nenhum tipo de beneficio à monarquia.
No entanto, a insistência de Elizabeth contou muito. Ele viveu sob a sombra de sua mulher, a monarca mais duradoura da história do Reino Unido.
Suas irmãs e cunhados participavam de partidos nazistas, mesmo tendo ele lutado contra o nazismo na Segunda Guerra Mundial, enquanto estava na Marinha. Esse foi um dos motivos de nenhuma delas ter sido convidada para o seu casamento com Elizabeth.
Assim como retratado em 'The Crown', Philip ficou conhecido por ser desbocado e não medir suas palavras. O que a imprensa inglesa gostava de chamar de “espirito livre”, já chegou a zombar da situação dos desempregados britânicos durante a recessão de 1981, chamou o chanceler alemão de Reichskanzler, título usado por Hitler pela última vez. À ativista paquistanesa, Malala Yousafzai, que defende igualdade na educação, ele disse que crianças vão à escola porque seus pais não as querem em casa.
O príncipe Philip sempre foi conhecido por seu charme e boa disposição para festas, mas apesar dos tabloides britânicos terem publicado diversas supostas traições, nenhuma delas jamais foi provada. Em um dos episódios de 'The Crow', Elizabeth desconfia de uma bailarina russa, Galina Ulanova, ela não só existiu como fez excursões pelo Reino Unido nos anos 50, no entanto assim como as outras, não passaram de especulações.
Apesar de muitas pessoas falarem o contrário, que a relação entre os dois era ruim, cartas vazadas à imprensa provaram que Philip tinha empatia por Diana e se posicionava contra o caso de Charles com Camila. Na série a proximidade da relação entre ambos é retratada, no entanto há controvérsias que dizem que a relação mudou com o tempo e Philip passou a culpa-la pela separação.
Mohamed Al-Fayed, pai de Dodi, namorado de Lady Di à época de sua morte, suspeitou que o acidente havia sido planejado pelo serviço secreto britânico a mando de Philip. Tese nunca comprovada.
O que podemos concluir é que Philip ainda renderia muitos livros, filmes e séries. Inclusive pela causa de sua morte, que ainda é tema de diversas teorias. Para sabermos mais, provavelmente teremos que torcer para que 'The Crow' traga essas informações.
A série acaba de ter as gravações da sua 5ª temporada confirmadas, a história abordará o inicio dos anos 1990, uma época bastante conturbada para toda a família real. Mas qual não foi, não é mesmo?
O cineasta brasileiro Daniel Bydlowski é membro do Directors Guild of America e artista de realidade virtual. Faz parte do júri de festivais internacionais de cinema e pesquisa temas relacionados às novas tecnologias de mídia, como a realidade virtual e o future do cinema. Daniel também tenta conscientizar as pessoas com questões sociais ligadas à saúde, educação e bullying nas escolas.
É mestre pela University of Southern California (USC), considerada a melhor faculdade de cinema dos Estados Unidos. Atualmente, cursa doutorado na University of California, em Santa Barbara, nos Estados Unidos.
Recentemente, seu filme Bullies foi premiado em NewPort Beach como melhor curta infantil, no Comic-Con recebeu 2 prêmios: melhor filme fantasia e prêmio especial do júri. O Ticket for Success, também do cineasta, foi selecionado no Animamundi e ganhou de melhor curta internacional pelo Moondance International Film Festival.