Casada com D. Pedro I desde muito jovem, em uma aliança política, a nobre passou por momentos de pura angústia e sofrimento
Entre as paredes de um castelo ou palácio, a vida da monarquia, geralmente, é repleta de regalias e confortos. Maria Leopoldina, no entanto, teve pouco acesso à vida glamurosa e uma princesa, apesar de possuir o título desde pequena.
Nascida na Casa de Habsburgo-Lorena, a nobre era herdeira de uma das dinastias mais antigas e poderosas da Europa. Com Napoleão Bonaparte dominando a França, entretanto, sua juventude foi turbulenta e pouco pacífica.
Aos 10 anos, Leopoldina perdeu sua mãe e assistiu ao casamento de seu pai, Francisco II, com Maria Luísa. Não demorou muito que a pequena caísse em amores por sua nova madrasta e as duas ficassem bastante próximas.
Foi Maria Luisa a responsável pela formação intelectual da jovem Leopoldina. Com a nova Imperatriz Consorte da Áustria, a jovem princesa aprendeu a apreciar a literatura, a natureza e a música, através de uma rotina rígida e estudos multiculturais.
Grandes responsabilidades
Ao lado dos irmãos, Carolina Josefa Leopoldina Francisca Fernanda de Habsburgo-Lorena, ou apenas Leopoldina, cresceu assistindo guerras que colocavam o reinado de seu pai em risco. Nesse sentido, Napoleão era o pior dos pesadelos.
Fluente em seis idiomas, Leopoldina passou a entender que, quanto mais velha ficasse, mais deveres teria para com a coroa austríaca. Ela deveria, então, deixar sua infância para trás e assumir suas responsabilidades.
Coleções de moedas, plantas, flores e conchas foram logo esquecidas pela princesa, que nunca demonstrou um sinal qualquer de timidez. Leopoldina, aos 20 anos, foi prometida à Pedro de Alcântara, em uma aliança entre a Áustria e Portugal.
Através de uma procuração, os dois pombinhos — que nunca tinham se visto pessoalmente — se casaram, em Viena, em maio de 1817. Pedro não estava presente em seu próprio casamento e foi representado por Carlos, o tio paterno de Leopoldina.
Um descontentamento
Agora imperador do Brasil, Dom Pedro I só viu sua esposa pela primeira vez quando ela chegou ao Rio de Janeiro, cinco meses depois do matrimônio. Uma vez apresentados, tanto o Imperador quanto a corte brasileira ficaram surpresos com a inteligência e o conhecimento político de Leopoldina.
Apaixonada por botânica, a Imperatriz Consorte do Brasil assumiu o nome de Maria Leopoldina para tratar de viagens e negócios particulares no país. Sempre ao lado do marido, a nobre desempenhava fortes papéis diplomáticos.
Quatro anos depois do casamento, apesar da rotina imperial frenética, o casal real anunciou a chegada de seu primeiro filho, em meados de 1821. Depois dele, mais seis vieram, inclusive o herdeiro do trono real no Brasil Império, Dom Pedro II.
Uma princesa amargurada
Enquanto criava seus sete filhos, Maria Leopoldina começou a sentir o gosto de um relacionamento amargo e violento. Sempre muito fiel ao seu marido, ela percebeu que o Imperador não se importava em manter as aparências.
Extremamente agressivo e impaciente, Dom Pedro I era um traidor de marca maior e saía de casa todas as noites em busca de novas amantes. Uma delas, claro, foi Domitila de Castro, a famosa Marquesa de Santos.
Humilhada e traída por um marido infiel, Leopoldina foi obrigada a viver ao lado da amante de Dom Pedro I e da filha bastarda dos dois, o fruto de uma relação adúltera.
Sempre uma mãe exemplar, apaixonada por seus filhos, Leopoldina começou a ficar deprimida, solitária e isolada.
Em meio ao caos, exausta e em frangalhos, a Imperatriz chegou a descrever todas as suas angústias em cartas enviadas à sua irmã, Maria Luiza da Áustria. Mesmo assim, de forma trágica e precoce, Maria Leopoldina do Brasil faleceu, após sofrer um aborto, aos 29 anos, em 1826.
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