Em livro publicado na década de 1990, Roberto Gómez Bolaños revelou um dos maiores segredos do carismático personagem
Caio Tortamano, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 30/09/2020, às 18h00 - Atualizado em 26/11/2021, às 08h00
Uma febre na televisão brasileira desde os anos 70, Chaves é um programa mexicano de grande influência e impacto na cultura do Brasil. A história de um menino órfão que dorme em um barril dentro de uma humilde vila — apesar de morar em uma casa nunca mostrada durante a produção — cativa fãs de todas as idades e, até hoje, sua história gera dúvidas e teorias, que pouco a pouco são respondidas.
O protagonista Chaves é um garoto pobre e esfomeado que, apesar de contar com o apreço dos vizinhos de vila e, até de seus amigos da escola, aparenta não possuir parentes para o confortar. As marcantes atuações do programa são todas feitas por adultos vestidos de crianças que não parecem se preocupar tanto em deixar isso claro.
Criado por Roberto Gómez Bolaños, o humorista mexicano trabalhava escrevendo pequenas cenas de comédia para a televisão e teatro de seu país, quando teve a ideia de criar uma história em que um menino de apenas oito anos, pobre, discutia com um vendedor de balões em um parque. Assim nascia o piloto do maior projeto de sua vida.
Interpretando o próprio menino, o fato de adultos se vestirem de crianças era um dos elementos que dariam graça ao show, e deu certo. A recepção foi ótima, e as pessoas queriam ver mais coisas a respeito daquele carismático menino.
Transmitido no Brasil até 2020 pelo Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) o canal começou a passar Chaves em 1984, e somente em 2010 que outra companhia, a Turner, adquiriu os direitos para exibição da produção nos canais Cartoon Network.
Durante seu período de exibição (1973 a 1980) El Chavo del Ocho — nome original da série em espanhol — conquistou um prêmio justo no ano de sua estreia, o El Heraldo de México na categoria Melhor Programa Humorístico. A grandiosidade da produção se mostrou, principalmente, nas outras premiações das quais se sagrou vencedor, todas sendo após o término definitivo da série, especialmente a partir dos anos 90.
Lançado em 1995, o livro de Bolaños, 'El Diario del Chavo del Ocho', conta os bastidores do marco televisivo. Nesta obra, o autor explica a natureza solitária do menino Chaves, dizendo que ele nunca tinha conhecido o pai e que sua mãe havia lhe abandonado.
Sem um pai para ajudar no sustento da casa, Chaves passava o dia em uma creche enquanto sua mãe ia trabalhar, e ela voltava ao final do dia para ficar com ele.
Apesar da realidade difícil, a série tem um ar cômico, e isso foi passado por Roberto na história do protagonista também. Ele afirma que, por conta do cansaço, sua mãe chegava do trabalho na creche e nem fazia questão de perceber qual era a criança que estava levando, simplesmente falava para pegar o menino que estivesse mais perto.
O livro é narrado por Chaves, que explica a sua história vista milhões de vezes por todo o mundo, e a conclusão que o menino chega é que sua mãe está com um garoto que ela pensa ser ele, mas não o é. No final das contas, a mãe da renegada pobre criança parou de passar na creche para buscar o “filho”, e nunca mais a viu.