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Curiosidades / Igreja Católica

O que já disse o Vaticano sobre o caso do menino judeu sequestrado pelo papa Pio IX?

Em 1858, Edgardo Mortara foi levado de seus pais pela Igreja Católica; caso polêmico é tema de filme que chega aos cinemas nesta quinta-feira

por Thiago Lincolins
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Publicado em 16/07/2024, às 20h00

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Cena do filme "O Sequestro do Papa" - Divulgação
Cena do filme "O Sequestro do Papa" - Divulgação

Uma das maiores polêmicas que envolve a Igreja Católica ocorreu há mais de 100 anos, entre 23 e 24 de junho de 1858. Na cidade de Bolonha, na Itália, um menino judeu de apenas seis anos foi levado de seus pais após ordens do papa Pio IX.

Essa é a história inacreditável de Edgardo Mortara, que tinha apenas quatro meses quando foi batizado em segredo pela empregada de seus familiares. Para a Igreja, o pequeno era católico, portanto, não poderia ser criado por uma família de fé diferente. 

Retirado dos braços dos pais, esteve sob a custódia do papa, cresceu como católico e se tornou padre. Em vida, seus familiares tentaram reverter o cenário até o fim, contudo, o Santo Padre não concordou. 

O caso, que divide opiniões, inspirou o filme "O Sequestro do Papa", do diretor Marco Bellocchio, que chega aos cinemas brasileiros na quinta-feira, 18, através da Pandora Filmes.

Até hoje, o caso levanta o debate: Edgardo deveria ter voltado para seus familiares ou ter continuado com a Igreja? 

Carta aberta

No ano passado, Daniele Scalise, autor de "Il caso Mortara: la vera storia del bambino ebreo rapito dal papa" ("O caso Mortara: a verdadeira história da criança judia sequestrada pelo Papa", em tradução livre), chamou atenção da comunidade católica para o caso.

Em agosto de 2023, repercutiu a ANSA, o escritor questionou o papa Francisco a respeito do silêncio do Vaticano a respeito da história de Mortara. Em carta aberta, Scalise disse esperar que o Santo Padre compartilhe com o mundo sua visão sobre o episódio histórico. O Vaticano, entretanto, não se posicionou.

Espero que você, papa Francisco, possa finalmente compartilhar tudo com o mundo e conosco, que muitas vezes vivemos confusos e irritados, um pensamento sobre um crime que foi cometido contra uma pessoa indefesa, contra a sua família e contra toda a humanidade", questionou ele.

O silêncio da Igreja

Daniele destaca que o garoto "foi arrebatado dos braços de sua mãe e de seu pai - pelos guardas papais" e que "sua única culpa foi ser judeu e ter sido submetido, ainda em criança e de forma abusiva, a um rito batismal rápido, e de outra forma incompleta, pelas mãos de uma empregada cristã que acreditava que ele estava morrendo".

Imagem promocional do filme "O Sequestro do Papa" - Divulgação

"Não tenho as qualificações nem a vontade de transmitir lições éticas, preso como estou na busca frenética de quem, se é que alguma coisa, pode me oferecer essas lições, mas estou cada vez mais convencido de que se a palavra pode curar, sua inação corre o risco de nos deixar ainda mais doentes. Crentes e incrédulos. Judeus e cristãos. Vivos e mortos", afirmou Scalise no final da carta.