O costume, por mais curioso que pareça nos dias de hoje, fez a cabeça das damas da classe alta do século 19
Os penteados que adornavam as mulheres durante o reinado da rainha Vitória, de 1837 a 1876, variavam um pouco. No entanto, a Era Vitoriana foi marcada por cabeleiras em forma de longas cascatas — tão longas que o cabelo das damas chegava até a 1 metro de comprimento.
As madeixas não eram cortadas, a menos que fosse absolutamente necessário. E com elas, eram feitos os mais variados estilos e inseridos apetrechos como joias e penas. Mas, por que manter cabelos tão longos?
Explicação
Há uma série de motivos. O principal, a hierarquia social. O cabelo era uma forma de mostrar status no ocidente. Enquanto doenças como escarlatina e outras enfermidades infecciosas se alastravam pela Europa, ter cabelos limpos era um símbolo de luxo. Tratar, pentear e cuidar de cabelos mais longos levava bem mais tempo e demonstrava maior cuidado com a limpeza.
Por isso, tal atributo era reservado para as damas mais ricas, de altas classes, ou ainda modelos e atrizes. Seguindo essa onda, as moças que tinham menos volume capilar adicionavam pedaços de cabelo humano, semelhantes às extensões modernas. Isso também, pois, a grande quantidade de cabelo representava a feminilidade e um fetiche que poderia atrair pretendentes.
Entretanto, a doutrina religiosa também tinha peso e foi um fator de policiamento nos cabelos das mulheres. Por mais que as mais favorecidas deixassem as madeixas muito grandes, as mesmas damas também escondiam os cabelos, principalmente as casadas.
Deixar fios demais à vista era visto como algo indecente e até pecaminoso. Os penteados presos, assim, vinham como forma de equilibrar os cachos e seu simbolismo proibido. Não à toa, os cabelos só eram revelados em apresentações artísticas ou em contextos secretos.
Indústria da Rapunzel
Todavia, a moda britânica do tamanho avantajado dos fios se popularizou com a fabricante de produtos de cabelo EdwardsHarlene Co. Os anúncios da companhia eram lotados de moças com cabelos muito longos.
Com sede em Londres, a empresa tinha como proprietário Reuben Goldstein Edwards, que exibia seus lançamentos nas páginas de jornais do século 19. Os anúncios eram bem extravagantes e também atraíam homens, cuja moda era terem bigodes bem cabeludos.
Não é grande surpresa que um dos produtos principais era um remédio para a calvície, que prometia "força positiva ao cabelo e bigodes luxuriantes, que crescem muito em poucas semanas".
Um caso notável
Segundo registrou o biógrafo Brandon Stickney, durante o fim do século 19 os cabelos longos levaram à fama sete moças, conhecidas como as irmãs Sutherland. Em 1882, elas se apresentaram no empreendimento circense The Greatest Show on Earth (O Maior Espetáculo da Terra), da companhia de circo Ringling.
Filhas de um pastor do estado de Nova York, as irmãs começaram a carreira chamando a atenção na igreja em que frequentavam. A fama dos cabelos enormes fez o pai delas, o Reverendo Sutherland, colocar no mercado o produto feito pela mãe das meninas, um tônico capilar que seria o responsável pelas madeixas grandiosas.
A solução era composta por água, rum, sal, magnésio e ácido clorídrico, e era vendida em garrafas de vidro. O produto fez enorme sucesso na classe alta e as irmãs chamaram a atenção de vários rapazes.
Após a morte do pai delas, em 1888, as moças passaram a viver em sua terra natal, em uma zona rural. Elas morreram após o fracasso de sua carreira, já que o público não quis mais saber de seus cabelos longos.
O cabelo curto entrou em ascensão. Sobretudo porque a Primeira Guerra Mundial tinha deixado o legado de cortar os cabelos. Muitas mulheres no período haviam trabalhado em fábricas, que exigiam penteados curtos. Tal fenômeno, somado às roupas mais folgadas sem mais espartilhos rígidos, inauguraram o novo visual melindroso da década de 1920.
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