Famoso por seu tratado sobre criação de crianças chamado Emílio, o filósofo iluminista tem um episódio pouco conhecido em sua trajetória
Jean-Jacques Rousseau foi um dos mais importantes filósofos do iluminismo francês e um dos principais difusores das noções de liberdade e educação pública, em sua defesa republicana pela felicidade. Porém, conhecer Rousseau de perto pode nos levar a uma grande decepção.
Grande crítico das desigualdades, o escritor de um dos mais modernos contratos sociais da França também é famoso por sua obra Emílio, ou Da Educação, em que ele descreve as melhores maneiras de se criar uma criança a partir da lógica da Educação Negativa, ou seja, a manutenção e a proteção da natureza supostamente boa da criança, impedindo que a sociedade a corrompa.
No entanto, isso gera uma pulga atrás da orelha quando descobrimos que o mesmo Rousseau que escreveu sobre educação abandonou seus cinco filhos em orfanatos. Suas relações pessoais foram expostas na obra Confissões, onde descreve que viveu às custas de Françoise-Louise de Warens desde que saiu de casa. Ela era uma senhora enganada por falsas declarações de amor por parte de Rousseau.
Quando Françoise ficou sem dinheiro para sustentá-lo, o pensador a abandonou e fugiu com parte de seu dinheiro para Paris. Lá se apaixonou por Thérèse Levasseur, mãe de seus 5 filhos, que foram abandonados em um orfanato parisiense, supostamente para terem uma melhor criação.
Mais detalhes sobre essa faceta surpreendente de Jean-Jacques Rousseau podem ser encontradas em algumas biografias do filósofo, como a obra The Solitary Self: Jean-Jacques Rousseau in Exile and Adversity, de Maurice Cranston, ou Jean-Jacques Rousseau: Restless Genius, de Leo Damrosch.
Sabe-se que depois dessa jornada de abandono parental, Rousseau se apaixonou novamente, desta vez por Sophie d’Haudetot. Porém, durante uma briga, com pouco tempo de relação, Sophie declarou que ela não o queria mais vê-lo e ele não deveria mais procura-la.
Fraco e orgulhoso, Rousseau nunca aceitou a rejeição, tornando-se um velho amargo e solitário, que morreu aos 66 anos, mal visto pela sociedade e sem interação com as pessoas enquanto livros seus eram queimados em praça pública.