A fruta tinha um bizarro significado, muito diferente do que conhecemos hoje
O coco foi descoberto pelos portugueses na viagem de Vasco da Gama ao território de Malabar (1497-1498), na Índia. A maioria das descobertas por ali ficou com o nome dado pelos nativos, como a jaca (do malaio chakka) e a manga (do tâmil mangai). O coco, chamado de tenga pelos malaios, acabou batizado com uma palavra portuguesa. Em uso popular, “coco” queria dizer caveira ou cabeça. A fruta, com seus três buracos, pareceu uma caveira aos lusos.
Coco significava cabeça porque havia um monstro do folclore com esse nome - um fantasma com cabeça de caveira, espécie de bicho-papão. Para assustar as crianças, os portugueses cavavam olhos em vegetais, como rábanos ou cabaças, e colocavam velas dentro, representando o coco. Tal como uma abóbora de Halloween. No Auto da Barca do Purgatório, de Gil Vicente, de 1518, o diabo é chamado de coco por um menino:
“Mãe e o coco está ali
queres vós estar quedo co’ele?
Demo: Passa passa tu per i.
Menino: E vós quereis dar em mi
Ó demo que o trouxe ele.”
Em versão feminina, o mesmo monstro é chamado de coca ou cuca, e podia ter forma de dragão. Ainda hoje, na cidade portuguesa de Monção, no dia de Corpus Christi a coca luta com São Jorge, na forma de um dragão com rodinhas. Como se vê, a cuca não é invenção de Monteiro Lobato, assim como cuca legal não é invenção de hippies.