Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Curiosidades / Guerra sem Regras

Guerra sem Regras: Veja o que é fato ou ficção no filme de guerra

Guerra sem Regras retrata grupo ultrassecreto de Churchill que ajudou os Aliados a vencerem a Segunda Guerra; confira detalhes

Fabio Previdelli
por Fabio Previdelli
[email protected]

Publicado em 29/07/2024, às 20h00 - Atualizado em 01/08/2024, às 17h43

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Cena de Guerra sem Regras - Divulgação/Prime Video
Cena de Guerra sem Regras - Divulgação/Prime Video

Embora a Segunda Guerra já tenha chegado ao fim há quase oito décadas, ela segue como tema de exaustiva pesquisa e interesse cinematográfico. Vira e mexe, novos detalhes e histórias do conflito surgem e chamam a atenção do público. 

Um exemplo notável é a Operação Postmaster, realizada pelo Ministério da Guerra Britânico, mas que só foi recentemente descoberta após os documentos relativos à missão terem sido desclassificados. 

A Operação, desempenhada pelo Special Operations Executive (SOE), inclusive, é tema do último filme de Guy Ritchie, 'Guerra sem Regras', que estreou semana passada no catálogo do Prime Video e é a produção mais assistida na plataforma de streaming da Amazon. 

+ Guerra Sem Regras: Conheça o grupo ultrassecreto de Churchill que inspirou filme

O longa, que já faz sucesso no streaming, é baseado no livro Damien Lewis de 2014, 'Churchill’s Secret Warriors: The Explosive True Story of the Special Forces Desperadoes of WWII', mas apresenta alguma liberdade poética para abordar a missão. 

"A história em si e os elementos são verdadeiros", diz Arash Amel, um dos roteiristas do longa, em entrevista ao Los Angeles Times, apontando que alguns personagens são amálgamas para servir uma narrativa de duas horas. 

Não foi apenas uma história incalculável, com homens numa missão contra todas as probabilidades que se tornaram os precursores de James Bond, mas também foi uma união desta coligação multicultural de desajustados. Não é apenas uma história clássica dos britânicos lutando contra os alemães", continua. 

Entenda o que é verdade e o que é dramatizado em 'Guerra sem Regras' em 5 pontos! Mas cuidado com os spoilers.

1. A missão (depende)

No ano de 1942, o premiê britânico Winston Churchill recrutou uma equipe de agentes para se infiltrar na cidade portuária de Fernando Po (agora Bioko), na Guiné Equatorial. O grupo tinha como objetivo roubar três navios italianos e alemães que abasteciam os submarinos alemães. 

Em 'Guerra sem Regras', os personagens possuem a mesma missão, mas o plano acaba fracassando quando percebem que o casco de uma das embarcações foi reforçado. Na verdade, a missão era roubar as embarcações e fingir que elas foram descobertas em águas internacionais — exatamente o que a equipe fez.

"Churchill apoiou a missão contra muitos dos seus conselheiros seniores, que disseram que os riscos eram grandes demais", explica Damien Lewis ao LA Times. "Mas ele acreditava que a vantagem do que seria alcançado com o roubo de três navios era grande demais para ser desperdiçada".

Na vida real, os agentes navegaram em dois navios da Grã-Bretanha para Fernando Po: um navio de arrasto, o Maid of Honor, comandado por March-Phillipps (interpretado por Henry Cavill); e um navio de transporte comandado por Appleyard (Alex Pettyfer). Na ficção, a operação fica restrita a primeira embarcação e a equipe da missão reduzida a apenas cinco agentes — incluindo Appleyard.

March-Phillipps (Henry Cavill) em Guerra sem Regras - Divulgação/Prime Video

Nas telonas, o personagem de Cavill lidera um ataque sangrento a um acampamento inimigo para libertar Appleyard no caminho para Fernando Po. "Certamente houve muitos ataques como esse", contextualiza Lewis. "Mas Appleyard não foi mantido prisioneiro naquela época". 

O roteirista Arash Amel salienta, porém, que o ataque é baseado na segunda missão da vida real que o grupo empreendeu, a Operação Dryad, embora a violência seja "uma referência ao caos e ao assassinato das missões subsequentes", já que nenhum tiro foi realmente disparado.

Em Fernando Po, dois agentes, Marjorie Stewart (Eiza González) e Mr. Heron (Babs Olusanmokun), criam uma diversão na base ao organizar duas festas para os oficiais e soldados nazistas, bem como para a tripulação do porto espanhol. Essas cenas do filme são baseadas em fatos, embora Heron seja uma mistura de agentes da vida real.

Tudo isso foi exatamente como aconteceu", diz Lewis. "A grande festa maluca no final — foi exatamente isso que o cara fez. Eles até fizeram uma festa experimental para verificar se funcionaria. E explodindo a estação de eletricidade — tudo isso aconteceu".

2. Inspiração para Bond (fato)

No filme é mostrado que o então oficial de inteligência naval Ian Fleming — que mais tarde foi responsável por criar o agente James Bond — esteve envolvido com a SOE durante a Segunda Guerra Mundial. Damien, ainda ao LA Times, aponta que Bond é uma "fotografia" de vários agentes reais.

March-Phillipps é um dos personagens principais e há dois ou três outros — todos indivíduos com quem Fleming trabalhou", afirma.

"Fleming esteve presente na Operação Postmaster. Isso é absolutamente verdade. Mas ele também trabalhou em estreita colaboração com um personagem incrível chamado Wilfred 'Biffy' Dunderdale. Ele era um bon vivant bem-nascido, assim como James Bond, e era o espião secreto da inteligência na França antes da guerra", prossegue.

Um fato curioso é que o agente March-Phillipps, que morreu durante a missão seguinte, chegou a escrever seu próprio romance de espionagem. "Se ele não tivesse morrido durante a guerra, ele poderia ter derrotado Ian Fleming", diz Henry Cavill.


3. Anders Lassen (fato)

Um dos personagens mais peculiares do filme é Anders Lassen (Alan Ritchson) — um espião real que participou de inúmeras missões durante a Segunda Guerra e também foi um lutador mortal. Alan descreve Lassen como o personagem "mais durão do filme e da vida real".

Anders Lassen (Alan Ritchson) em Guerra sem Regras - Divulgação/Prime Video

"O que há de mais impressionante em Anders é que ele era um homem muito franzino", aponta Ritchson. "Ele não parecia um super-herói. Ele era um gênio tático [e] um estrategista genial. Ele foi tão inventivo e criativo em sua busca por dominar o inimigo, enganá-lo ou em sua total selvageria", aponta ao veículo.

No longa, Lassen é um brutal assassino usando seu arco e flecha para derrotar nazistas. E, na realidade, ele até mesmo fez uma campanha para que o equipamento fosse reconhecido como arma oficial de guerra na Grã-Bretanha. Para interpretá-lo, Ritchson chegou a treinar como um treinador olímpico de arco e flecha. 

Apesar de sua exímia habilidade, Lassen, assim como March-Phillipps, morreu em uma missão posterior apenas dois meses antes do fim da Guerra. Seu falecimento, inclusive, é documentado por Lewis, que aponta que o agente participou de inúmeras missões após a Operação Postmaster.


4. Contagem de corpos (ficção)

No filme, March-Phillipps e seus combatentes matam inúmeros nazistas, dezenas, talvez centenas… enfim, fato é que as sequências de ação refletem as técnicas de combate usadas pelos agentes das forças britânicas. Mas os números de nazistas mortos durante a Operação Postmaster são exagerados

Há um pouco mais de tiros do que na missão real", diz Cavill ao LA Times.

"Acho que durante a cena real nem um único tiro foi disparado, exceto quando [a equipe] explodiu a corrente da âncora no porto e os alemães pensaram que era um bombardeio, então começaram a disparar armas antiaéreas para o céu. Mas eles não achavam que havia um bando de cavalheiros sorrateiros roubando seus barcos", completa o ator.

Cavill acrescenta que, embora a contagem de corpos seja exagerada, isso não tira em nada a excelência do trabalho dos agentes. "O que tornou esses garotos e garotas tão especiais é que eles fizeram com que muitas dessas coisas parecessem fáceis".


5. Marjorie Stewart (ficção)

Embora fosse espiã e trabalhasse para a SEO, Marjorie Stewart não fez parte da equipe em Fernando Po. Apesar disso, Lewis salienta que agentes femininas estiveram no local — no entanto, elas não atuaram como a personagem de Eiza González no filme, que ficou encarregada de seduzir os nazistas. Isso não significa que a sedução não tenha sido uma tática empregada durante a operação da vida real. 

Quando organizaram a festa, organizaram as mulheres para estarem lá pelo mesmo motivo", contextualiza Lewis. "Isso fazia parte do atrativo: bebida, comida e mulheres".

Amel diz que Stewart, que também era atriz, era uma "pessoa incrível na vida real". Ele queria incluí-la não apenas porque ela se casou com March-Phillipps, mas porque ela poderia substituir todas as espiãs que nunca foram reconhecidas como mereciam.

Marjorie Stewart (Eiza González) em Guerra sem Regras - Divulgação/Prime Video

"Se não colocássemos Marjorie lá, estaríamos esquecendo todas as mulheres que estavam lá e o trabalho que ela fez especificamente em todas as diferentes missões", aponta o roteirista ao Times.

"Fiquei impressionado com as capacidades que eles tinham", finaliza González. "As mulheres eram fundamentais nessas missões e eram necessárias porque havia muitas coisas nas quais os homens não conseguiam se infiltrar. Eu realmente encorajo qualquer pessoa fascinada por esta história a ler mais sobre ela. Ouvimos falar de muitos homens que fizeram a diferença, mas não muito sobre as mulheres que fizeram a diferença e há histórias notáveis ​​por aí".