Uma vez presenteado ao rei dos francos, o lírio logo tornou-se um ícone versátil, usado em cartas náuticas e em brasões reais
De origem incerta, a flor-de-lis pode derivar do lótus egípcio, ou da alabarda, arma branca de três pontas. Como brasão, apareceu com o rei dos francos, Clóvis. Em uma versão da lenda, ele recebeu um lírio (lys é lírio, em francês) da Virgem Maria.
O lírio foi adotado mais tarde por Carlos Magno e, desde então, tornou-se símbolo da realeza francesa. Uma teoria é que fleur-de-lys venha de Luís, nome de diversos reis franceses e corruptela de Clóvis. Lotada de significados, a flor é um dos símbolos mais usados em brasões, assim como os leões e as águias.
A flor-de-lis era desenhada em cartas náuticas para indicar o norte na rosa dos ventos. Em 1907, o fundador do escotismo, Robert Baden-Powell, escolheu o símbolo para representar o movimento. Desenhada na cor amarelo-ouro, foi hasteada ao lado da bandeira inglesa no primeiro acampamento escoteiro, em Brownsea, na Inglaterra. “Escolhi a flor-de-lis, que apontava o norte nas bússolas, pois esses exploradores podiam mostrar o caminho certo para atravessar um território desconhecido”, disse.
Historiadores creem que o desenho represente a íris, uma flor amarela que cresce à margem da água. O símbolo é usado desde a Antiguidade e aparece em altos-relevos assírios de 3 mil a.C. Na Idade Média, tinha fortes conotações religiosas, associado com a Santíssima Trindade. Costuma representar pureza ou, dourado, a realeza.
As pétalas representam os três dedos da saudação que lembra os deveres do escoteiro para com Deus, com os outros e consigo mesmo. As estrelas representam conhecimento e verdade. O laço é a irmandade e união do movimento, e o nó, que não se desata, a força do companheirismo. O branco é pela pureza, e o roxo por liderança e serviço.
Para o historiador francês Georges Duby, as três pontas presentes no brasão representam as diferentes classes sociais medievais: os que trabalhavam, os que lutavam e os que rezavam. O campo azul, talvez inspirado nas águas em que a íris cresce, remete ao sagrado e às origens mitológicas do símbolo.