Além do ex-presidente Michel Temer, diversos outros líderes políticos já foram presos ao redor do mundo
O ex-presidente brasileiro Michel Temer foi preso nesta quinta-feira, 21, em uma força-tarefa da Operação Lava Jato. Ele é suspeito de ter recebido propina no valor de R$ 1,1 milhão por meio de um contrato da Eletronuclear, estatal responsável pela construção da usina Angra 3, no Rio de Janeiro.
Mas esta não é a primeira vez que um ex-presidente ou líder de uma nação é preso por cometer algum tipo de crime.
Relembre 10 casos emblemáticos na história política:
1. Carlos Menem
O ex-presidente da Argentina Carlos Menem tem longo histórico com prisões: já foi preso três vezes. A primeira ocorreu em 1957, durante a ditadura de Pedro Aramburu (1955-1958), em um protesto contra a violência de Estado e as prisões arbitrárias do governo. Depois de solto, apoiador do peronismo, se torna governador de província em 1973 até ser preso por uma junta militar três anos depois, quando ocorre um golpe contra a presidente Isabel Perón. Mais recentemente, em 2001, Menem foi preso num escândalo internacional de tráfico de armas, em que ele teria supostamente enviado dinheiro para o exterior.
2. Saddam Hussein
Famoso ditador iraquiano, Saddam Hussein governou um dos mais estatégicos países do Oriente Médio por 24 anos até a invasão do país pelos EUA e aliados em março de 2003. Já numa guerra causada pela Coalizão Internacional, Saddam é destituído do poder e foge por Bagdá em meio a um bombardeio. Em dezembro do mesmo ano, Saddam é encontrado desorientado, de barba longa e sujo, no interior do país, participando da resistência à ocupação internacional. É capturado pela Coalizão (junto a rebeldes curdos) durante a Operação Red Dawn, identificado e detido como "prisioneiro de guerra" -- como permaneceu por três anos até ser sentenciado à morte por forca no final de 2006.
3. Ricardo Martinelli
O ex-presidente e empresário panamenho foi preso em Miami, nos Estados Unidos, a pedido da Interpol em 2017. O político governou o Panamá entre 2009 e 2014 e, segundo a polícia internacional e a U.S. Marshals (unidade da polícia federal dos EUA), utilizou da própria autoridade e do dinheiro público para espionar mais de 150 cidadãos panamenhos. Martinelli também é citado como participante de diversos esquemas de corrupção e desvio de verba durante o seu mandato, além de ter dois dos seus filhos denunciados por receber propinas da empresa Odebrecht.
4. Juscelino Kubitschek
O nosso famoso "presidente bossa-nova" foi um importante alvo dos militares durante a ditadura. Juscelino foi presidente do Brasil entre 1955 e 1960 e marcou a história do país com seu projeto desenvolvimentista associado com os modernistas. Após 1964 e a anormalidade institucional que o golpe gerou, o clima no país ficou tenso e a fala de todos os grandes políticos da época ecoava. Com o aumento da truculência policial e os Atos Institucionais do governo federal, JK começa a se posicionar contra a ascensão do autoritarismo e das arbitrariedades. Na época senador cassado, JK era cogitado como possível candidato da oposição (PSD) para a eleição, o que aumentou o olhar dos militares sobre ele, que possuia grande apelo popular. Em 1968, Juscelino é preso e processado e, mesmo após sair da prisão, continua sendo perseguido pelos militares, que o processam em massa como método de tortura psicológica.
5. Mohamed Morsi
Principal nome da Irmandade Islâmica, Mohamed Morsi foi o primeiro presidente eleito por sufrágio no Egito, em 2012. Na época, o Egito era epicentro de uma série de revoltas no mundo islâmico conhecido como Primavera Árabe, quando milhões de cidadãos egípcios tomaram a capital Cairo exigindo a queda de Mubarak e aberturas democráticas, que desencadeou numa eleição desestruturada e confusa que elegeu o fundamentalista religioso. Porém, seu governo dura pouco, sofrendo um golpe militar pelo general Abdel al-Sisi um ano depois. Morsi é então contido e depois condenado por incitar a morte de manifestantes da oposição em 2012 e depois teve a pena aumentada por crimes de espionagem contra o Qatar. Em 2017, sua pena sofreu outro aumento, dessa vez por uma suposta acusação de insulto ao judiciário.
6. Park Geun-hye
Ex-presidente da Coreia do Sul, Geun-hye perdeu seu mandato presidencial em 2017 e, no ano seguinte, foi presa pela justiça do país por envolvimento no mesmo esquema apelidado de "Rasputina". Segundo a polícia sul-coreana, a presidente teria protagonizado situações de abuso de poder, suborno e coerção, além de traços de improbidade administrativa, sendo condenada principalmente para servir de exemplo para os futuros governantes.
Em 2016, foi acusada de tráfico de influência por conceber benefícios à amiga Choi Soon-sil, que recebera milhares de dólares de empresas nacionais sem sequer fazer parte do governo. Ela é a terceira presidente do país a ser presa por casos de corrupção, sucedendo Chun Doo-Hwan e Roh Tae-Woo.
7. Otto Pérez Molina
Eleito como presidente da Guatemala de 2012 a 2016, o general da reserva Otto Pérez renunciou ao cargo antes do fim de seu mandato, em setembro de 2015, em meio a um escândalo de corrupção e subornos. Logo após a renúncia, o general foi preso na Cidade da Guatemala e permanece em custódia até os dias atuais.
8. Hosni Mubarak
Sucedendo o então presidente Anwar Al Sadat após seu assassinato em 1981, o militar e político egípcio Hosni Mubarak governou a República Árabe do Egito de 1981 até 2011, ficando no poder por longos 30 anos.
Sua prisão está ligada à onda de protestos contra governos ditatoriais no Oriente Médio conhecida como Primavera Árabe, ocorrida no ano de 2011. Condenado a prisão perpétua pela morte de 239 manifestantes no protesto, Mubarak foi absolvido em 29 de novembro de 2014 e novamente condenado a três anos de prisão por corrupção em 2015. No ano de 2017, o ex-presidente foi liberado do hospital militar onde estava detido, totalizando seis anos de prisão.
9. Hugo Chávez
Ex-presidente venezuelano eleito em 1998, Hugo Chávez foi preso antes de virar presidente, por participar do golpe militar de 1992 contra o então presidente Carlos Pérez. Influenciado por Simón Bolívar, Chávez havia inaugurado o Movimiento Bolivariano Revolucionario 200 (MBR-200), que teve como resultado a prisão daqueles que tentaram tomar o poder. Após sua prisão de 2 anos, a reputação de Chávez cresceu em toda a Venezuela, e o militar ingressou na carreira política com o objetivo de se tornar presidente.
10. Alejandro Toledo
Economista e político peruano, Alejandro Toledo governou o Peru de 2001 a 2006. Condenado a 18 meses de prisão sob a acusação de ter recebido propina de US$ 20 milhões pela empreiteira Odebrecht, Toledo viajou para os EUA e se tornou fugitivo de seu país. Na noite de 18 de março de 2019, o ex-presidente foi levado à prisão por se embriagar em um restaurante público da Califórnia, deixando o local de detenção na manhã seguinte.
Outros três ex-presidentes do Peru são investigados por corrupção: Ollanta Humala (2011-2016), que ficou preso por nove meses com sua esposa; Alan García (1985-1990, 2006-2011), que pediu asilo na embaixada do Uruguai e teve o pedido negado; e Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018), que renunciou em março de 2018, alvo de denúncias de corrupção.