Oposto da luz e metáfora para o Mal, Satanás faz parte do imaginário de diversas culturas ao redor do mundo que o veem de maneiras diferentes
O Diabo faz parte do imaginário de diversas sociedades há muito tempo. "É uma figura universal. Está presente, de formas variadas, no catolicismo, no judaísmo, no islamismo, no hinduísmo, no budismo e no taoismo", confirma Mateus Soares de Azevedo, mestre em História das Religiões pela USP (Universidade de São Paulo).
Ele aparece como uma oposição a Deus, a definição do mal, uma criatura terrível que corrompe o homem e transforma tudo em chamas. Segundo o Doutor em História Social pela Unesp (Universidade Estadual Paulista) Germano Miguel Favaro Esteves, o dualismo é uma das marcas do entendimento dessa entidade.
“Nas religiões ocidentais, Deus e o Diabo figuram em oposição quase absoluta, não obstante os mitos de muitas sociedades os coloquem em íntima conjunção, sendo que a existência do Bem pressupõe diretamente a existência do Mal”, explica.
Conheça como 5 das maiores religiões do mundo representam a icônica imagem do Diabo.
Cristianismo
Como dito, o imaginário ocidental é frequentemente afetado por concepções cristãs. O conceito de Satanás, no cristianismo, daria origem à personificação do mal. Ele é o adversário de Deus, descrito no Novo Testamento como o governante dos demônios e o Deus desta Era.
Além disso, conta com diversas antíteses que complementam o pensamento de oposição a Deus, como representante de tudo que o outro não significa. Perversidade, destruição, morte, trevas, — ou seja, a antítese de tudo que há na luz.
Judaísmo
No judaísmo, diferentemente do cristianismo, não há uma figura do Diabo. Satan significa literalmente inibidor, alguém que impede algo de acontecer.
O judaísmo ortodoxo vê Satanás como uma metáfora para o ato de inclinar-se para o mal. Isso está de acordo com os ensinamentos talmúdicos da religião. Em Gênesis 6: 5 e 8:21, é dito que "a imaginação do coração do homem [é] o mal", e desta frase extrai-se o conceito de yetzer hará, que representa essa noção de disposição congênita para fazer o mal, o que viola a vontade de Deus.
Islamismo
No Alcorão, o Diabo é Iblis. Ele não seria o inimigo de Alá porque é apenas uma de suas criações, não tendo a capacidade de opor à superioridade do deus. Também chamado de Shaitan, o Satanás consideraria os humanos como seus maiores inimigos.
Ele, no entanto, não tem poderes. Sua influência na humanidade está no fato de que este tenta, de toda forma, fazer com que as pessoas não obedeçam a Alá, usando de tentações.
O inimigo singular de Shaitan é a humanidade. Ele pretende desencorajar os humanos de obedecer a Deus. Assim, a humanidade é advertida para lutar contra as perversidades de Shaitan e as tentações que o demônio coloca nelas. Colaborando apenas com ideias, tudo que acontece depois é por escolha humana.
Budismo
No Budismo, há Mara. Sendo o contrário de Buda, que significa iluminação, essa figura representa a ilusão. Segundo o monge Nyanaponika Thera, ele é a "personificação das forças antagônicas à iluminação"
Ele foi responsável por tentar o príncipe Sidarta, Gautama Buddha, ao “oferecer-lhe lindas mulheres” que, nas lendas, normalmente são suas filhas. Ele também é conhecido por tirar os homens do caminho espiritual, estimulando a valorização das coisas mundanas.
Hinduísmo
Nessa religião, não existe nenhuma representação direta do Diabo. Em contraste ao cristianismo, o hinduísmo apenas reconhece que pessoas podem fazer coisas ruins. Isso aconteceria quando elas estivessem submetidas a entidades chamadas de asuras.
O mais próximo do Satanás seria Rahu que, na mitologia indiana, foi derrotado por Vishnu, um dos deuses principais do hinduísmo. Além disso, é um planeta maléfico natural responsável pelos eclipses.
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