Saiba o que a ciência diz sobre o fato dos filhotes de pato sempre nadarem atrás da mãe
Publicado em 07/06/2023, às 16h57 - Atualizado em 28/06/2023, às 18h05
Os patinhos, quando filhotes, têm o hábito de nadar em uma fileira atrás da mãe — e um grupo de cientistas descobriu uma explicação física por trás desse comportamento. A conclusão à qual os estudiosos chegaram foi publicada no ano de 2021 no Journal of Fluid Mechanics.
De acordo com a revista Planeta, pesquisas anteriores mostraram o que os filhotes economizam energia ao nadar atrás de um líder, no caso, de sua mãe. Entretanto, a física por trás dessa 'economia' não era completamente compreendida.
O arquiteto naval Zhiming Yuan, da Universidade de Strathclyde em Glasgow, Escócia, e sua equipe utilizaram simulações computacionais de ondas produzidas por aves aquáticas e descobriram que um patinho que nada em um ponto específico atrás da mãe recebe um impulso adicional.
Quando os patinhos nadam sozinhos, eles criam ondas em seu rastro, o que consome energia que poderia ser usada para avançar. Essa resistência das ondas dificulta o movimento dos patinhos.
No entanto, os animais que nadam no ponto ideal experimentam 158% menos resistência das ondas em comparação com nadar sozinhos, conforme calcularam os pesquisadores, o que significa que eles recebem um impulso extra.
Como irmãos solidários, os patinhos compartilham os benefícios entre si. Cada patinho na fileira aproveita as ondas criadas pelos que estão na frente, proporcionando uma espécie de carona gratuita para toda a ninhada.
No entanto, para colher esses benefícios, os filhotes precisam acompanhar a mãe de perto, pois se saírem de posição, nadar se torna mais difícil. Portanto, os patinhos não podem perder tempo e devem manter-se sempre alinhados.
Como destaca o portal Gizmodo, essa descoberta pode impulsionar estudos na área da construção naval, o que não seria tão surpreendente, já que os seres humanos têm o hábito de observar o comportamento animal como fonte de inspiração para o desenvolvimento de novas tecnologias.
O voo dos morcegos, por exemplo, foi amplamente estudado para a criação de drones, enquanto que os olhos das abelhas inspiraram engenheiros a desenvolverem tecnologias de imagem 3D utilizadas em carros autônomos. Até mesmo a capacidade de camuflagem do polvo serviu de inspiração para o desenvolvimento de materiais especiais.
Especificamente nesse estudo, os pesquisadores sugerem que as causas físicas que tornam vantajoso nadar em fila poderiam ser aplicadas na construção de navios cargueiros capazes de transportar cargas maiores sem que fosse necessário aumentar o consumo de combustível.
+ Confira aqui o estudo completo.