O designer brasileiro Cícero Moraes foi responsável por dar rosto ao primeiro imperador do Brasil em 2018
Um projeto audacioso conseguiu, cientificamente, recriar a face de Dom Pedro I, o primeiro imperador do Brasil, em 2018. De tamanha importância, foi possível observar como teria sido o monarca.
O designer Cícero Moraes, que deu vida a outras reconstruções faciais impressionantes como as de Jesus Cristo, Senhor de Sipán, guerreiro germânico e muitas outras, foi o responsável pelo procedimento que surpreendeu os brasileiros.
Separamos 5 curiosidades sobre a reconstrução facial do imperador.
Reconstruir a face de uma figura histórica tão importante quanto Dom Pedro I, a partir da ciência, é importante porque é possível ver como ele teria sido de fato em vida. Em obras de arte, por exemplo, o artista muitas vezes poderia colocar seu ponto de vista, estampando o imperador de maneira mais glamurosa que ele de fato era.
Na verdade, o que a reconstrução revelou foi um homem que não se parecia tanto com um galã assim. Ele possuía um nariz com uma deformidade que teria acontecido devido a uma fratura supostamente ocorrida em vida, segundo a BBC na época. Ferimento esse, inclusive, que nunca foi retratado e descrito.
Mas como o rosto de Dom Pedro I foi recriado? Tudo começou quando o advogado José Luís Lira, professor da Universidade Estadual Vale do Acaraú, do Ceará, comprou os direitos sobre uma foto tirada em 2012, durante a exumação dos restos mortais do imperador de sua tumba no Ipiranga, em SP.
Foi a partir dessa única foto que o designer Cícero Moraes, especializado em reconstrução facial forense, foi capaz de reconstruir a face do primeiro homem a ocupar o trono do Brasil. Contando apenas com uma imagem, o especialista teve que realizar “triangulações tridimensionais” para conseguir pontos importantes do crânio e recriar o rosto de Pedro.
A exumação dos restos mortais foi um grande evento, e as próprias fotografias tiradas durante o processo possibilitaram uma série de análises posteriores sobre Dom Pedro I. Uma delas foi feita pelo perito legista Marcos Paulo Salles Machado, chefe do Serviço de Antropologia Forense do Instituto Médico Legal (IML) do Rio de Janeiro.
A ele foram entregues imagens dos restos mortais do imperador — em especial do crânio — sem que o estudioso soubesse que se tratava da importante figura histórica. Sua análise sugeriu um indivíduo europeu que morreu enquanto um adulto jovem — Pedro morreu pouco antes de completar 36 anos — e que havia sofrido um acidente que o causou uma fratura no nariz.
O que mais causou polêmica foi o nariz quebrado, afinal, isso não estava descrito em nenhum livro sobre a vida de Dom Pedro nem retratado em obras de arte.
Machado explicou que havia uma “deformação nos ossos nasais que sugere uma lesão” e que ele “pode ter batido com o nariz e sofrido uma pequena fratura nessa região”.
Paulo Rezzutti, especialista em família imperial brasileira, afirmou na época que não existem registros sobre tal ferimento, porém entende que isso pode ter acontecido durante quedas de cavalo, por exemplo, que eram comuns. Uma delas aconteceu em 1824 e outro acidente de carruagem que pode ter causado a fratura sucedeu-se alguns anos depois.
Em 2018, quando a reconstrução facial foi divulgada ao mundo, Moraes classificou Dom Pedro I como um “homem de aparência agradável", destacando nariz assimétrico do imperador, que poderia ser observado claramente quando o monarca era visto de lado, por exemplo.
Essa avaliação explica um pouco sobre a importância da reconstrução facial. Com ela, foi possível fazer uma pequena quebra da noção popular sobre a aparência da nobreza e para compreender características que se aproximam popularmente.
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