Para ser culta, só sendo freira
Há cerca de 400 anos, a maioria absoluta das mulheres da América era analfabeta e vivia à sombra dos homens. O negócio era tão brabo que as poucas que sabiam ler tinham seus livros censurados pelos maridos. A forma encontrada pela mulherada que não queria se submeter a isso era ingressar num convento. Assim, escapavam da tutela masculina e tinham oportunidade de estudar. Dentro dos monastérios, as freiras tinham liberdade também de exercer funções artísticas e fazer outras coisas impensáveis para a época, como administrar o próprio dinheiro e ter uma vida social. Isso mesmo: a vida num convento da América colonial era bem diferente da levada hoje por freiras enclausuradas. Voto de pobreza? Nada disso. Em alguns conventos dos séculos 16 e 17, as religiosas tinham direito a escravas e a aposentos luxuosos, ornamentados com ouro e prata, onde recebiam pessoas da alta sociedade. Isso tudo acabou no fim do século 18, quando a Igreja, preocupada com os abusos cada vez mais freqüentes na vida monástica, endureceu suas normas e acabou com os privilégios dos conventos.