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A Segunda Guerra na TV

O conflito virou uma fonte inesgotável de produções de qualidade para os fãs da telinha

João Barone Publicado em 01/04/2008, às 00h00 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36

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Aventuras na História - Arquivo Aventuras
Aventuras na História - Arquivo Aventuras

Como conseqüência do enorme sucesso dos filmes de guerra no cinema, a emergente indústria televisiva aproveitou-se do interesse por esse filão, em especial nos anos 60 e 70, quando várias séries sobre a Segunda Guerra foram produzidas para a TV americana, atingindo grande popularidade e sendo exibidas em muitos países. Algumas dessas séries – dramas, comédias e documentários – permanecem na memória de muita gente. Nos últimos anos, as séries e os documentários sobre a Segunda Guerra ganharam em qualidade e rigor histórico, para deleite dos aficionados do assunto.

Uma das produções pioneiras foi Combate!, filmada em 1962 (ainda em preto-e-branco) até 1967 (com as últimas temporadas já em cores). Narrava as ações de um pelotão de GIs na França, no qual o destemido sargento Chip Saunders (Vic Morrow) roubava a cena do comandante do grupo, tenente Hanley (Rick Jason), além do carismático grandalhão soldado Littlejohn (Dick Peabody), que sempre tirava o pelotão de muitas encrencas. A série teve mais de 150 episódios, alguns deles dirigidos pelo famoso cineasta Robert Altman (que depois dirigiu outra série de sucesso na TV, a comédia M.A.S.H., sobre a Guerra da Coréia), além de contar com célebres “atores especialmente convidados” em vários capítulos, como Leonard Nimoy (o Sr. Spok antes de Jornada nas Estrelas), Richard Basehart (o almirante Nelson, de Viagem ao Fundo do Mar) e James Coburn e Lee Marvin, que ficaram famosos como heróis em filmes de guerra. Revendo os episódios da série nos DVDs lançados recentemente, podemos concluir o quanto a guerra podia ser monótona, ainda mais com os limitados recursos de produção na época. Mas Combate! foi um grande sucesso de audiência, inclusive no Brasil.

No rastro do sucesso dessa produção, outra série sobre a Segunda Guerra despontou na TV americana: Twelve O’Clock High (batizada no Brasil de Inferno no Céu). Produzida entre 1964 e 1967, foi baseada no longa-metragem de cinema de mesmo nome, estrelado por Gregory Peck em 1949. A série contava o dia-a-dia de um grupo de pilotos de B-17 em suas difíceis missões de bombardeios diurnos sobre a Alemanha, os dramas de cada personagem e as dificuldades em manter as esquadrilhas operacionais. O personagem principal era o coronel Frank Savage, interpretado pelo ator Robert Lansing, que foi substituído na segunda temporada por outro ator, Paul Burke, para o desagrado de muitos fãs. A série usava muitas cenas reais de ações da US Army Air Force nos céus da Europa na Segunda Guerra, mas muitas cenas acabavam sendo repetidas em cada episódio, às vezes até no mesmo capítulo...

Ratos do Deserto

Os anos 60 ainda renderam uma terceira e célebre série de ação sobre a Segunda Guerra: Ratos do Deserto (The Rat Patrol), inspirada nas ousadas missões do lendário Long Range Desert Group no norte da África. Um pelotão de americanos e ingleses roda pelo deserto afora, atacando de surpresa o Afrikakorps alemão. Produzida entre 1966 e 1968, a série teve um total de 28 episódios. A missão do líder do pelotão, o sargento Troy (Christopher George), era atrapalhar a vida do rival alemão, capitão Dietrich (Eric Braeden). A série, também disponível em DVDs importados, foi rodada em locações na Espanha e nos Estados Unidos. Uma diversão para os entendidos na Segunda Guerra era ver as inúmeras gafes nos uniformes, armamentos e veículos fora de época que apareciam na série.

Ainda na década de 1960, deixando um pouco de lado o heroísmo, as lutas mano a mano e os dramas dos combatentes, foi produzida a comédia Hogan’s Heroes, batizada no Brasil de Guerra, Sombra e Água Fresca. Era uma grande sátira encenada em um campo de prisioneiros aliados comandado por alemães patetas. O coronel americano Hogan (Bob Krane), líder e o mais esperto dos prisioneiros, flertava com a belíssima Helga (Cynthia Lynn), secretária do comandante do campo. Newkirk (Richard Dwason) era o piloto da RAF especialista em sabotagens. O cabo francês Lebeau (Robert Clary) era mestre em disfarces e amigo dos cães de guarda. O aloprado sargento Carter (Larry Hovis) era especialista em explosivos e imitações de oficiais alemães. Na chefia do campo, o histriônico coronel Klink (Werner Klemperer), sempre com medo de ser mandado para a frente russa, tentava manter as coisas sob controle, sem saber que seus prisioneiros gerenciavam uma sofisticada rede de sabotadores, espiões e fugitivos, atuando sob seu nariz no Campo 13. O hilário sargento Schultz (John Banner) fingia não ver os túneis, passagens secretas, antenas de rádio ou não saber nada do que os prisioneiros estavam sempre tramando. A série foi tão popular que se manteve no ar na TV americana de 1965 até 1971 e ainda hoje é muito cultuada por fãs novos e antigos.

No fim dos anos 70, uma nova série sobre a Segunda Guerra chegou à TV: chamava-se Baa, Baa, Black Sheep (de 1976 até 1978) e ganhou no Brasil o título Esquadrilha Ovelha Negra. Baseada na história real de uma esquadrilha no Pacífico Sul, era estrelada por Robert Conrad, no papel do major Greg “Pappy” Boyington. O próprio herói de guerra Gregory Boyington foi supervisor técnico da série, cujo grande atrativo era mostrar uma esquadrilha de caças F4U-4 Corsair, restaurados por colecionadores e voando de verdade nos episódios, com ótimas cenas aéreas filmadas de dentro dos aviões.

O Mundo em Guerra

Depois de um longo intervalo nas produções para a TV sobre a Segunda Guerra, em setembro de 2001 foi lançada uma das séries mais bem realizadas sobre o tema: Band of Brothers, disponível no Brasil em DVD. Com a assinatura do diretor Steven Spielberg e do ator Tom Hanks na produção, ambos responsáveis pelo sucesso no cinema do longa-metragem O Resgate do Soldado Ryan, a série de orçamento milionário contou em dez eletrizantes capítulos a saga da companhia e do 506º Regimento de Infantaria da 101ª Divisão de Pára-quedistas americana, os famosos “Screaming Eagles”.

Começando pelo treinamento em solo americano e passando pelo Dia D, até chegar ao final da guerra, as dramatizações reproduziram as ações e os personagens reais da companhia E com um rigor histórico nunca antes visto. Um dos grandes feitos da série foi o de incluir depoimentos dos veteranos da Easy Company na abertura de cada episódio, aumentando desse modo a carga dramática e o realismo da narrativa.

Em 2007, foi lançado um novo documentário sobre a Segunda Guerra, The War, do diretor americano Ken Burns. Os sete primorosos episódios narram a saída de quatro cidadãos americanos comuns desde suas cidades, acompanham a saga de cada um durante a guerra e o drama daqueles que ficaram esperando que voltassem ao lar, além de mostrar as profundas mudanças que a guerra provocou na sociedade. É uma das mais completas aulas sobre a Segunda Guerra Mundial. Simplesmente, imperdível.

Muitas outras produções para a TV sobre a Segunda Guerra foram realizadas, ao longo de anos, em vários países. Os exemplos citados aqui são apenas alguns dos mais conhecidos. O interesse por séries e documentários sobre este amplo assunto parece não ter se esgotado. Neste momento, está sendo filmada a nova série produzida por Steven Spielberg e Tom Hanks sobre a Guerra no Pacífico, com exibição prevista para 2009. A série The Pacific conta com o maior orçamento de um filme do gênero (cerca de 200 milhões de dólares). Ao que parece, a Segunda Guerra vai oferecer ainda muitas opções de qualidade para que os “generais de poltrona” continuem apontando seus controles remotos para a TV... \

João Barone, baterista dos Paralamas do Sucesso, coleciona peças e carros militares da Segunda Guerra Mundial e estuda diversos temas referentes a esse e outros conflitos históricos.