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O passado à deriva com o aquecimento global

Relatório da ONU mostra que as mudanças climáticas também ameaçam sítios arqueológicos e patrimônios históricos.

Rodrigo Cavalcante Publicado em 01/04/2007, às 00h00 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36

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Aventuras na História - Arquivo Aventuras
Aventuras na História - Arquivo Aventuras

Por volta do século 7, a cidade portuária de Alexandria, no Egito, sofreu uma perda irreparável: um incêndio devastou o acervo de sua biblioteca, que pode ter abrigado até 700 mil rolos de papiro com as obras mais importantes da Antiguidade. Em pleno século 21, a cidade passa por uma nova ameaça. Desta vez, provocada pelas recentes mudanças climáticas: a erosão costeira causada pela elevação do nível do mar pode destruir os mais importantes monumentos históricos de lá. Entre eles, os da cidadela de Qait Bey, do século 15, onde está localizado um forte construído sobre a fundação do famoso Farol de Alexandria, uma das sete maravilhas do mundo antigo.

Segundo a publicação The Atlas of Climate Change (“O Atlas da Mudança Climática”), divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) no fim do ano passado, Alexandria é um entre dezenas de outros locais históricos ameaça­dos pelo aquecimento global. “As mudanças climáticas estão causando impacto em todos os aspectos, naturais ou humanos, incluindo o patrimônio histórico e cultural”, diz o diretor-geral da Unesco (divisão da ONU que cuida da Educação, Ciência e Cultura), Koichiro Matsuura. Segundo ele, a proteção desses locais tem que se tornar uma preocupação intergovernamental urgente.

Se nada for feito, outros pontos históricos poderão sumir do mapa. No nordeste da Tailândia, inundações já danificaram as ruínas de Ayutthaya, capital do país do século 14 ao século 18. E a ameaça não vem apenas do aumento do nível das águas do mar, de lagos e de rios. A mesquita Chinguetti, na Mauritânia, está ameaçada de ser engolfada pela desertificação provocada pelas mudanças no clima. Nem os países ricos estão livres, já que as inundações na Europa, em 2002, atingiram antigos museus e bibliotecas, danificando cerca de 500 mil livros e documentos.

Estado de emergência

Milhares de locais históricos correm o risco de desaparecer

Escócia

Cerca de 12 mil sítios arqueológicos estão ameaçados pela erosão provocada pela elevação do nível do mar. Entre eles, obras medievais feitas à base de sal na cidade de Brora, um sítio da Idade do Ferro na baía de Sandwich e um acampamento viking em Baileshire.

Egito

Monumentos do século 15 de Alexandria, nas margens do Mediterrâneo, estão ameaçados pela erosão costeira provocada pelo aumento do nível do mar, como o forte de Qait Bey, construído sobre a fundação do antigo Farol de Alexandria.

Peru

O acelerado derretimento das geleiras do Parque Nacional de Huascarán pode provocar cheias e atingir Chavín de Huatar, um dos mais importantes sítios arqueológicos da América, com tesouros anteriores aos incas.

Mauritânia

Conhecida como a sétima cidade santa do Islã, a cidade de Chinguetti, do século 12, está ameaçada de desertificação. Boa parte dos edifícios da cidade, como a mesquita famosa por sua coleção de antigos manuscritos islâmicos, pode ser destruída.

Tailândia

A cidade de Ayutthaya está ameaçada por inundações. As ruínas históricas do local destruído pelo exército birmanês em 1767 – e que já serviu de cenário para filmes como Mortal Kombat – correm risco de ser engolidas pelas águas.