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Ned Wing: segredos de guerra

Nossa repórter conheceu um acervo precioso, exibido pela primeira vez. E, agora, mostra parte dele para você. Mas não conte pra ninguém. É confidencial

Katia Calsavara Publicado em 01/05/2006, às 00h00 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36

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Aventuras na História - Arquivo Aventuras
Aventuras na História - Arquivo Aventuras

O sobe-e-desce dos aviões fascinava-o desde pequeno. Ele tinha apenas sete anos e já espiava atentamente aqueles grandes gigantes de ferro cruzarem o céu. O observatório era privilegiado: o quintal de sua casa, perto do aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Foi lá, deitado de barriga para cima, que o pequeno Ned Wing pensou em ser um ás do colecionismo de aviação.

E conseguiu. O nome dele, você já deve ter reparado, é um pseudônimo. O colecionador não gosta muito de aparecer e é avesso a expor o que juntou durante a vida. Aos 54 anos de idade e 36 de coleção, Ned Wing possui peças valiosas. Seu apartamento mais parece um museu. São mais de 250 objetos raros, que remetem, principalmente, às duas guerras mundiais. “Posso dizer que tenho tudo o que eu gostaria de ter”, diz ele à Grandes Guerras.

Às peças. Para começar, ele mostra aquele que é considerado um dos primeiros brevês de piloto do mundo, instituído em 1896 para um balonista. Foram eles, os balonistas, que se tornaram os primeiros pilotos da História e, logicamente, os primeiros a ter autorização para voar. O avô de Ned, aliás, era um deles. Foi piloto da Primeira Guerra e abasteceu o neto de diversas histórias. O brevê que pertenceu a ele é guardado ali mesmo, em uma estante da sala, e aparece nos livros como um dos primeiros do mundo.

E por falar em livros, Ned possui mais de 2 000 exemplares relacionados às duas guerras mundiais. Um bom exemplo é a coleção completa de 15 gravuras em seda assinadas por Henri Farré, observador e combatente francês tido como o primeiro artista de aviação militar do mundo. Uma delas é notória: mostra o tenente francês Albert Féquant sendo morto.

Guardados em uma pequena caixa, protegida por plástico e papelão, ficam os fragmentos da fuselagem de um caça P-47 Thunderbolt, cuja queda abateu o tenente brasileiro John Richardson Cordeiro e Silva, em 1944, durante sua primeira missão junto ao grupo 350 FG americano. O avião caiu em Livergnano (Itália) e seus destroços foram escavados em 1986.

As peças de vestuário de combatentes são igualmente valiosas. Vão de jaquetas e macacões a diversos tipos de óculos, bolsas e caps. Fazem parte da coleção capacetes modelo M3 (“de orelha curta”) e M5 (“de orelha longa”), usados contra estilhaços de artilharia antiaérea, e alguns dos famosos óculos – os Sky Lookout – com lentes pretas para proteção contra o sol, usados pelos pilotos de caças americanos.

Há, também, o chocolate cap (ou cap chocolate), conhecido como “cap de 50 missões”, muitas condecorações de franceses e álbuns de pilotos de observação americanos, entre eles, um feito uma semana após o ataque a Pearl Harbor, em 1941.

Museu em casa - o acervo de Ned Wing

Sino da vitória

Feito em alumínio aeronáutico de avião alemão. Esses sinos foram produzidos pelos ingleses logo após a Segunda Guerra.

Broches da Fraternidade do Fole

Durante a guerra, a comunidade britânica no Brasil fez brochezinhos para vender e arrecadar dinheiro.

Garrafa de oxigênio para salto

Usada na Segunda Guerra, era amarrada à perna dos combatentes que precisassem saltar de grandes altitudes

Tambor

Foi usado pela Força Aérea britânica para receber os pilotos de bombardeiros. É datado de 1941.

Hélice

Com quase dois metros de extensão, feita em madeira, fazia parte do avião de ligação Fairchild F-24, que atuou na Segunda Guerra.

Capas de almofadas

Souvenirs que diversos oficiais costumavam enviar aos familiares como presentes.

Réguas de ajuste

Usadas para calcular o centro de gravidade dos aviões de bombardeio.

Bequilha

A roda menor de um avião ME-110, assinada pelo ás da caça noturna alemã, Martin Drewes, que mora no Brasil.

Bússola

Pertencente a um bombardeiro Lancaster da Força Aérea Britânica.