A antiga casa de veraneio da família real abriga boa parte da vida íntima de dom Pedro II.
O belo prédio neoclássico onde desde 1943 funciona o Museu Imperial, em Petrópolis, Rio de Janeiro, era a residência de verão – e a preferida – de dom Pedro II. O imperador realizou ali um antigo sonho de seu pai, Pedro I. Em 1822, numa viagem a Vila Rica (hoje Ouro Preto, Minas Gerais), o então príncipe regente se encantou com o clima brando e a natureza da mata Atlântica da região. Decidiu erguer para si o prédio que chamaria de Palácio da Concórdia e, para isso, tentou comprar a Fazenda do Padre Correia, na qual estava hospedado. A dona recusou a oferta e ele acabou adquirindo outra propriedade, a Fazenda do Córrego Seco, por 20 contos de réis.
No entanto, a construção só começou em 1845, terminando 17 anos depois. O projeto original é do engenheiro alemão Júlio Frederico Koeler (ele, juntamente com outros imigrantes de seu país e de outros lugares da Europa, iniciou a colonização da cidade, que se desenvolveu ao redor do palácio). Os jardins foram planejados pelo francês Jean Baptiste Binot, sob orientação do próprio Pedro II.
Talvez a maior singularidade do museu não seja nenhuma de suas peças, tampouco o prédio em si. O destaque está logo na entrada, que só é permitida com o uso de pantufas de feltro que envolvem os calçados. Elas protegem o frágil piso dos aposentos, feitos de materias como mármore e madeiras brasileiras, que contam boa parte da história do país.
1. HERANÇA REAL
Obra da ourivesaria brasileira, a coroa de dom Pedro II foi fabricada especialmente para sua sagração e coroação, em 1841. Os brilhantes e um fio de pérolas da coroa de seu pai foram incrustados à peça. A coroa de dom Pedro I também está no museu.
2. O TRONO
A Sala de Estado era o principal aposento do palácio, onde Pedro II recebia visitas ilustres. Como era casa de veraneio, ela originalmente não possuía este cômodo. De cada lado do trono, dois jarros de Sèvres, a mais tradicional porcelana da França, presentes do governo francês.
3. O OUTRO TRONO
O palácio não possuía água encanada, então se usavam as comuas, cadeiras com urinóis embutidos. Este exemplar é da segunda metade do século 18, todo de jacarandá, com estofado de damasco. A comua ficava no quarto de banhos, onde também havia uma banheira e um lavatório de louça.
4. SALA DE LEITURA
O gabinete de trabalho era o cantinho preferido do imperador em sua casa de verão. Aqui ele se recolhia para ler e observar o céu estrelado de Petrópolis com o óculo de alcance, localizado junto à janela. No centro da sala, a chaise-longue em que o imperador descansava. E sobre a escrivaninha estava...
5. ... O 1º TELEFONE DO BRASIL
Feito de madeira, metal, baquelite e porcelana, o aparelho simboliza a mania de dom Pedro II pelas novidades tecnológicas de seu tempo. Em 1876, na Exposição da Filadélfia, nos Estados Unidos, ele se encantou com a demonstração de Graham Bell. Ao testá-la, o monarca exclamou a famosa frase: “Céus, isto fala!”
6. CANETA DA LIBERDADE
A pena usada pela princesa Isabel para assinar a Lei Áurea, que aboliu a escravidão no Brasil em 1888, foi a mais recente aquisição do Museu Imperial, adquirida no ano passado, para as comemorações dos 160 anos do nascimento da princesa. Avaliada em 500 mil reais, a peça, de ouro 18 quilates, tem 27 diamantes.
7. QUARTO MUSICAL
A família imperial gostava bastante de música. Em Petrópolis, eram comuns saraus e recitais, promovidos por dom Pedro II, pela imperatriz Teresa Cristina e pelas princesas Isabel e Leopoldina. Na sala de música, destaque para a harpa dourada francesa Pleyel Wolff.
8. RARIDADE
A espineta – instrumento de cordas da família do cravo – é a peça mais rara na sala de música. De 1788, trata-se do único exemplar existente hoje no Brasil. Ela tem teclas de marfim e ébano e foi fabricada pelo mestre lisboeta Mathias Bosten. Atualmente, o museu pesquisa se ela pertenceu a Pedro I.
9. TRANSPORTE DE GALA
A carruagem era usada por dom Pedro II em ocasiões solenes, como sua coroação ou o casamento de suas filhas, as princesas Isabel e Leopoldina. Conhecida como “monte de prata” ou “carro cor de cana”, ela era puxada por quatro duplas de cavalos.
10. HORA DO JANTAR
Sobre a mesa, de mogno (madeira usada em todo o resto da mobília), cristais e talheres de prata do Império, além da porcelana usada por Pedro I e Amélia, sua segunda mulher. O lustre de cristal pertenceu ao baiano Miguel du Pin de Almeida, o marquês de Abrantes.
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