Conheça um pouco das coleções e do trabalho premiado do modelista profissional Marcelo Guerra
O paulistano Marcelo Guerra, 41, não nega o sobrenome. Desde pequeno, é fã absoluto de modelismo militar. Mesmo antes de servir o Exército como soldado voluntário, entre 1983 e 1984, no 2° Batalhão de Polícia do Exército, em São Paulo, ele fazia suas próprias peças. Tarefa fácil para quem adora pesquisas históricas e tem exímia habilidade no manuseio de peças minúsculas – um dom que lhe garantiu o sustento por anos produzindo cenários, maquetes para filmes publicitáriosna e efeitos especiais. Hoje, modelista profissional, dá aulas de montagens de kits e recebe encomendas de outros colecionadores. Um dos pedidos mais recentes foi a montagem do submarino alemão U-Boat tipo VII C, o mais produzido na II Guerra. Para que fique pronto em um ano e meio, o artista precisa se dedicar pelo menos duas horas diárias ao trabalho. Depois de pronto, Marcelo estima que ele valha quatro vezes o preço do kit espanhol de US$ 2,2 mil. “Mas eu não vou cobrar tanto assim”, diz, brincando. Antes que você se pergunte quantas peças ele tem, Marcelo se adianta: “Eu não me apego às peças e vendo sem problema. Tenho aqui muita coisa da II Guerra, da Guerra do Golfo, da Guerra da Coréia e da Guerra do Vietnã.” Hoje, Guerra alcançou um sonho: se diverte e ganha dinheiro sem praticamente precisar deixar o front.
• O avião de caça P-51 D abaixo é considerado um dos melhores em seu gênero.“Os EUA eram mais sóbrios na pintura dos aviões. Já os alemães abusavam das camuflagens e de detalhes diferentes”, explica.
• M1A1 Abrams, tanque americano usado na Guerra do Golfo, até hoje o principal blindado pesado da armada americana
• V100 Cadillac - Gage, carro blindado da polícia militar norte-americana usado durante a Guerra do Vietnã
• Marcelo comprou o kit acima, de um soldado da I Guerra, e depois descobriu a mesma cena numa revista. “Estou fazendo a trincheira, com ossos e caveiras.”
Nada escapa a um fazedor de fi-guras históricos: cintos, armaduras, bandeiras, cavalos, tipos e cores de tecido. Para reproduzir em miniatura personagens como Alexandre, o Grande, e o protagonista do filme O Gladiador, vivido no cinema por Russel Crowe, Marcelo Guerra passa horas entre os livros. Para fazer o kilt de um highlander, por exemplo, pesquisa o padrão de xadrez ideal. Para tingir o manto de um personagem, discorda dos filmes e vai atrás de fontes mais confiáveis. Para reproduzir a pele de um leopardo, busca fotos ampliadas do animal e assim não corre o risco de distribuir pintinhas aleatórias. Diferentemente do que acontece no Brasil, Marcelo conta que lá fora há mercado e concursos para esse tipo de coleção. Ele mesmo foi campeão mundial em 1997 no tradicionalíssimo concurso IPMS (International Plastic Modeler´s Society), realizado anualmente nos Estados Unidos, com a figura de um cavaleiro das cruzadas. “Devo ter vencido por causa do acabamento”, diz Marcelo.