Kaifeng, a ex-capital mundial
Cidade localizada às margens do rio Amarelo, na China, Kaifeng é hoje um lugar esquecido. Entre os 659 municípios chineses, é apenas o 352º em renda per capita (960 dólares em 2003). E não é nem a capital da província de Henan – posto ocupado por Zhengzhou. Mas nem sempre foi assim. Há mil anos, Kaifeng era uma espécie de capital não oficial do mundo, a mais importante cultural e economicamente – mais ou menos como é hoje Nova York, nos Estados Unidos.
Kaifeng nasceu sob o nome de Daliang, em 364 a.C. No século 7, transformou-se em um importante centro comercial. À medida que a população se movia para o leste da China em busca de terras mais férteis, a cidade foi ganhando importância. Quando a dinastia Song (960-1279) chegou ao ápice, os 400 mil habitantes de Kaifeng – apesar da epidemia de tifo – viviam em um ambiente bem diferente da Europa, ainda mergulhada na Idade Média. “Na época, a produção de porcelana estava no auge tecnológico, havia escolas particulares e ali nasceu o pensamento neo-confucionista”, afirma Chen Tsung Jye, professor de Língua e Literatura Chinesa da Universidade de São Paulo.
Apesar de a Rota da Seda estar em declínio neste período, a cidade era um importante entreposto comercial graças à grande produção de porcelana e pelo fato de ser cortada pelo rio Amarelo (Huang He, em chinês). Um número enorme de pessoas foi atraído pela pujança de Kaifeng, a ponto de a população chegar a 700 mil pessoas. Entre esses migrantes, estavam muitos judeus: a cidade é conhecida por abrigar a mais antiga comunidade judaica da China.
Depois de alcançar o auge, invasões dos povos ao norte tornaram Kaifeng quase uma cidade fantasma. Sem contar as inundações, que acabaram por destruir a cidade. A primeira foi provocada intencionalmente pelo exército Ming em 1642, para evitar que a cidade caísse em mãos inimigas – depois, vieram outras. Kaifeng foi reconstruída no final do século 19, mas nunca mais foi a mesma.
1600 a.C.
Tebas
Importância: Foram os reis de lá que unificaram o Egito duas vezes e deram poder à cidade.
Declínio: Em 1550 a.C., os faraós mudaram a capital para Pi-Ramses II.
500 a.C.
Persépolis
Importância: O rei persa Dario tornou-a capital do Império Aquemênida e encheu-a de construções.
Declínio: Alexandre, o Grande, incendiou-a em 330 a.C.
Século 1
Roma
Importância: No apogeu do Império Romano, virou centro cultural, econômico e jurídico.
Declínio: Com o fim do Império (em 410), perdeu importância.
1500
Florença
Importância: Por causa da moeda forte (florim), virou centro financeiro. Foi berço da Renascença.
Declínio: Chegou a ser capital da Itália, mas perdeu o título em 1871.
1960
Nova York
Importância: Com o fim da Segunda Guerra, a nova ordem baseada no livre comércio e na globalização fez emergir Nova York, até hoje um centro mundial.