Inquisição pegou gay brazuca
Pernambuco, setembro de 1593. O visitador do Santo Ofício Heitor Furtado de Mendonça desembarcou no Recife e, nos 22 meses seguintes, ouviu 209 denunciantes e 61 confissões. Entre os casos, mais de 30 mantinham em segredo que eram “fanchonos” – ou seja, gays. Entre eles, André Lessa, sapateiro que vivia no centro de Olinda. Em seu currículo constavam 31 rapazes com quem “oficialmente” praticara mais de uma centena de ajuntamentos sodomíticos. Lessa foi descrito como “um homenzarrão, com um grande bigode e valente”. Em seu processo, consta que aos 12 ou 13 anos começou a “pecar na sensualidade torpe com muitos moços, sendo sempre autor e provocador, tendo ajuntamento por diante com os membros viris e com as mãos, solicitando e efetuando polução um ao outro”. Os inquisidores foram até brandos com o primeiro homossexual assumido brasileiro: sua pena foram sessões de açoite e exílio de cinco anos em Angola.