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Futebol, religião nacional

O esporte mais popular do mundo sempre esteve cercado de superstições

01/12/2007 00h00 Publicado em 01/12/2007, às 00h00 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36

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Aventuras na História - Arquivo Aventuras
Aventuras na História - Arquivo Aventuras

O argentino Maradona tem um santuário na Itália. Na Escócia, um time fundado por protestantes não contrata boleiros católicos. E, no Brasil, pais-de-santo já ganharam campeonatos. A história do esporte mais popular do planeta está cheia de causos supersticiosos assim. Abaixo, esses e outros.

São Maradona

Os napolitanos têm um bom motivo para idolatrar o argentino Diego Maradona. Em 1987 e 1990, o polêmico craque conduziu o Napoli à conquista dos dois únicos scudettos (campeonatos italianos de futebol) da história do clube. Porém, a atitude dos torcedores mais fanáticos foi inédita: na cidade, construíram um santuário ao baixinho, com altar e tudo, no qual sua imagem ficava bem elevada. No dialeto napolitano, Maradona rima com maronna, como é chamada a Virgem Maria. Mamma mia, Dieguito!

Fla-flu dos padres

Entre 1936 e 1941, o Fluminense foi campeão carioca cinco vezes. O time possuía então craques como o goleiro Batatais e os atacantes Romeu Pelliciari, Tim e Hércules. Os cartolas, porém, creditaram as vitórias principalmente às orações do padre Romualdo, sócio do clube, fluminense roxo, que assistia a todas as partidas. Já no arqui-rival Flamengo, a intervenção do padre Góes teria sido providencial para o rubro-negro conquistar o tricampeonato carioca de 1953-54-55. Ao lado, claro, de Servílio, Pavão e Zagalo, craques de um dos mais brilhantes escretes do Fla.

“Trabalho” no parque São Jorge

Em 1976, o Corinthians penava um jejum de mais de duas décadas sem conquistas. Foi aí que o cartola Vicente Matheus teve uma idéia até então inédita no clube paulista. Autorizou no Parque São Jorge um ritual de macumba realizado por diversos pais-de-santo. Entre eles, destacados representantes, como pai Edu e pai Nilson. O feitiço foi forte, tanto que em 1977 o Timão conquistou o campeonato paulista. Pai Nilson foi convidado a trabalhar no clube. Contratado, ficou no Corinthians por 18 anos, até se aposentar. Seu cargo? “Guardião espiritual.”

Delegação supersticiosa

Quando foi chefe da delegação brasileira na Copa de 1962, Paulo Machado de Carvalho, supersticioso que só ele, usou durante todo o tempo o mesmo terno marrom que usara na Suécia em 1958, quando o Brasil fora campeão pela primeira vez. O avião que levou o país ao Chile – sede da copa – também foi o mesmo de 1958. Dias antes do embarque, porém, Carvalho encontrou o comandante da aeronave de 58 (que, é claro, pilotaria de novo). Para seu horror, o sujeito não usava mais um cavanhaque. O cartola tanto insistiu que o piloto deixou crescer os pêlos. A seleção brasileira – de Pelé, Djalma Santos, Mengálvio, Amarildo, Didi, Garrincha etc.– foi bi mundial.

Católicos X Protestantes

A rivalidade religiosa na Escócia não poupa o futebol. Em 1872, o Glasgow Rangers foi fundado por protestantes unionistas (favoráveis à manutenção da união com a Inglaterra). Lá, católico não entrava. E por muito tempo. Só em 2006 (!) foi aceito um treinador católico na equipe. Já o primeiro craque católico foi Mo Johnson, em 1989. Foi mal: os torcedores ficaram tão indignados que enviaram coroas de flores à sede do clube, em sinal de luto. Em 1888, os católicos da cidade revidaram, fundando o Celtic Glasgow, só para católicos. O time ficou conhecido como “the pope’s eleven” (os 11 do papa).

Feitiço na bola

O jogador Fausto, do Vasco da Gama na década de 30, fazia um ritual antes do início de todas as partidas. No centro do gramado, cuspia na bola. Isso, segundo ele, a enfeitiçava e a tornava submissa a seus pés. A bênção acabou sendo a maldição para os vascaínos: na Copa de 1930, no Uruguai, Fausto brilhou na seleção brasileira, sempre depois da cuspida. Onde está maldição nisso? O Barcelona, vendo o endiabrado volante, tirou-o do Rio e levou-o para a Espanha. Uma coisa a mandinga não pôde fazer: curar a tuberculose do craque. Fausto morreu em 1939, aos 34 anos.