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Flankers: uma família da pesada

Por muitos anos ainda, os Flankers continuarão a ser o parâmetro de comparação e avaliação de todos os novos aviões de combate

Carlos Emilio Di Santis Jr. Publicado em 01/03/2007, às 00h00 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36

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Aventuras na História - Arquivo Aventuras
Aventuras na História - Arquivo Aventuras

Na história da aviação militar, não são poucos os aviões que alcançaram um alto nível de admiração e respeito. Porém, entre os aviões modernos, nenhum foi tão longe nesse aspecto como os caças da família Flanker, desenvolvidos pela Sukhoi, uma das maiores projetistas de aviões militares da Rússia. Atualmente, o Brasil está retomando os estudos para adquirir um novo avião de combate, acompanhando os passos de seus vizinhos, que estão se reequipando com armas de excelente qualidade e capacidade – a Venezuela acaba de comprar os modernos Su-30 Super Flanker. Com isso, no futuro, poderemos ver alguma versão desse poderoso avião de combate voando por aqui com a estrela da FAB nas asas.

O Flanker foi concebido em 1969, quando o governo da então União Soviética pediu aos fabricantes que desenvolvessem um avião de combate capaz de equiparar-se ou superar o caça americano F-15 A Eagle, cujo desempenho excedia por longa margem os aviões de combate soviéticos da época. A resposta dos fabricantes soviéticos veio na forma de dois novos caças: o Mig-29 e o Su-27.

Por um bom tempo, o Su-27 foi um segredo militar muito bem guardado pelos soviéticos. Isso dava margem a muita especulação sobre a capacidade do avião. Alguns já previam que os caças F-14, F-15, F-16 e F-18 não seriam páreos para o avião soviético. A prova veio em 1989, quando o Su-27 e o Mig-29 se apresentaram na tradicional feira Paris Air Show, em Le Bourget. A demonstração de vôo do Su-27 durante o evento deixou perplexo o público presente. Manobras impossíveis de serem executadas por caças como F-15 e F-16 foram realizadas. Um exemplo foi a famosa manobra do Cobra, em que o Su-27 aponta o nariz num ângulo de ataque que pode chegar a 110º, sem mudar o curso do avião, e retorna para o vôo nivelado. Tal manobra permite uma drástica redução de velocidade e o disparo de um míssil contra um avião inimigo que esteja cruzando com ele.

Com essa demonstração, ficou clara para os países ocidentais a necessidade de modernizar seus aviões de combate e desenvolver novos caças que pudes­sem sobrepujar o Su-27. Os russos, por sua vez, não ficaram parados e con­tinuaram a atualizar sua poderosa família de aviões de combate, para novas missões e capacidades. Essa evolução continua até hoje e versões ex­tremamente avançadas do Flanker, como o Su-30, o Su-34 e o Su-35 Super Flanker, estão entrando em serviço agora. Tudo indica que, por muitos anos ainda, eles continuarão a ser o pa­râmetro de comparação e avaliação de todos os novos caças.

Futuro brilhante

A versão mais avançada do Flanker é o Su-35 Super Flanker. Destaca-se pelas características aerodinâmicas e ele­trônicas e por seus armamentos. As melhorias aerodinâmicas são representadas por um novo radomo de maiores dimensões, o que permite a instalação de diversos modelos de radares e antenas de vários tamanhos. Uma nova superfície de controle canard ativa é montada à frente das asas principais, conferindo maior capacidade de manobra. A cauda, ou superfície de controle vertical, tem um desenho levemente modificado para ampliar sua área, o que permite manter o controle do avião nos novos ângulos de ataque que o Su-35 consegue atingir.

A capacidade de manobra deste modelo é praticamente ilimitada. Além disso, é possível direcionar a saída dos gases da combustão do motor em 15 graus para cima ou para baixo, resultando numa elevada capacidade de controle a baixas velocidades. O Su-35 foi o primeiro avião de combate com vetoração de empuxo a entrar em condição de serviço, surpreendendo os observadores internacionais, que pensavam que os Estados Unidos estavam à frente nessa tecnologia. Porém, o único avião de combate americano com tal característica é o F-22 Raptor, que entrou em serviço em 2005.

É interessante notar que o primeiro vôo do Su-35 ocorreu em 1988. Depois disso, melhorias constantes foram incorporadas. A mais nova versão do Flanker chama-se Su-35 BM. Entre as diversas modificações, destaca-se o novíssimo motor AL-41 F1A, que produz 14 700 kg de empuxo. Esse motor é uma versão melhorada daquele que está sendo projetado para uso no caça russo de quinta geração PAK-FA, que deve ser apresentado até o final desta década.

Longo alcance

O Super Flanker é o único avião de combate com cobertura de radar frontal e traseira. Sua cobertura aproxima-se de 360 graus. Um dos radares disponíveis é o Phazotron Zhuk-MSF, tipo Aesa (Active Electronic Scanned Antenna ou antena de varredura eletrônica ativa), com um alcance de 190 km contra um alvo do tamanho de um caça convencional (aproximadamente 3 m2). O radar traseiro desse sistema tem um alcance de 80 km para um alvo do mesmo tamanho. O Zhuk-MSF pode rastrear até 30 alvos aéreos e atacar simultaneamente até oito deles. Um computador tático avalia a prioridade de ataque e escolhe os alvos mais perigosos, com base num parâmetro pré-programado em sua memória. Outro radar avançado é o Tikhomirov NIIP Irbis, cujo alcance chega a 400 km contra um alvo do tamanho de um caça. O radar de cauda desse sistema tem um alcance de 150 km, quase o dobro da versão anterior. O Irbis é capaz de rastrear 30 alvos e atacar oito deles simultaneamente.

Uma nova “engenhoca” que o Su-35 e as outras novas versões do Flanker podem transportar é um casulo de plasma. Esse moderníssimo sistema, sem equivalente no Ocidente, produz uma nuvem de plasma ao redor do caça. A nuvem absorve as ondas de radar do caça inimigo, tornando o Flanker invisível aos radares dos inimigos. O sistema tem a vantagem de não sacrificar a aerodinâmica do caça para manobras, algo que ocorre em alguns aviões ocidentais invisíveis. Como desvantagem, há o problema de precisar desligar o sistema quando for necessário usar o próprio radar do Flanker, para não prejudicar o funcionamento normal desse equipamento.

O Super Flanker pode utilizar praticamente todos os armamentos ar-ar e ar-terra disponíveis na Rússia, graças a seus sistemas de controle de tiro e a seu potente radar. Na arena ar-ar, o caça é armado com o míssil R-73 Archer, com 20 km de alcance e o primeiro com capacidade de ser lançado contra um inimigo fora do ângulo de visada do avião lançador. Com seu avançado sensor infravermelho de grande ângulo de varredura (60 graus), o Super Flanker não precisa ser manobrado a ponto de alinhar-se com o inimigo. O sensor do R-73 atua integrado ao sensor infravermelho IRST e ao radar, que por sua vez está integrado ao capacete do piloto. Assim, com apenas um virar de cabeça é possível selecionar o alvo. Hoje, novos caças como o F-22, F-35, Rafale e Typhoon dispõem de equipamentos similares.

Dispare e esqueça

Para o combate de média distância, pode ser usado o míssil R-27 Alamo, de guiagem por radar semi-ativo ou IR, dependendo da versão. Este míssil tem um alcance da ordem de 80 km. Sua marca registrada é o formato, caracterizado por uma superfície de controle de grandes dimensões e um enflechamento negativo. Além desse míssil, há o moderno R-77 Adder, de guiagem de radar ativo (dispare e esqueça) e com um alcance terminal da ordem de 100 quilômetros. O R-77 é a ultima palavra em míssil de médio alcance. Uma superfície de controle inusitada em forma de grelha, na parte traseira do míssil e sem equivalente nos países do Ocidente, garante altos níveis de agilidade em todo o curso do avião, permitindo que ele atinja 30 G em curvas.

Um dos mísseis ar-ar que o Super Flanker pode lançar – e causar arrepio nos inimigos, particularmente nos que usam aviões com radares AEW, como o famoso E-3 AWACS americano – é o KS-172 guiado a radar ativo. Projetado para destruir aeronaves equipadas com o AEW a 400 km, ele é o míssil ar-ar de maior alcance já construído.

Para ataques ar-superfície, o leque de armas é igualmente fantástico. Vale destacar o míssil KH-31 Krypton, que possui uma versão anti-radar, guiado pelas ondas do radar inimigo e cujo alcance atinge 110 km, e a versão antinavio, com 70 km de alcance.

Todas as versões do Flanker usam um canhão automático GSH-30-1 de 30 mm, com 150 projéteis à disposição. Esse equipamento dispara um dos mais potentes projéteis de 30 mm da atualidade (perde apenas para o canhão Avenger, do jato de ataque norte-americano A-10 Thunderbolt II), a uma cadência de 1 500 tiros por minuto.

Na mira do Brasil

O Brasil está retomando os estudos para adquirir um novo avião de combate, acompanhando os passos de seus vizinhos, que estão se reequipando com armas de excelente qualidade e capacidade – a Venezuela, por exemplo, acabou de comprar o Su-30 Super Flanker.

No Brasil, o Sukhoi Su-35 participou da primeira fase de uma concorrência feita pelo governo para adquirir um caça de nova geração. A intenção é que o novo modelo substitua os obsoletos Mirages III E, adquiridos em 1972. Os caças que disputaram essa concorrência foram o norte-americano Lockheed Martin F-16 Fighting Falcon, o francês Dassault Mirage 2000 BR, o sueco Saab JAS-39 Gripen e os russos Mig-29 Fulcrum e Sukhoi Su-35 Super Flanker. Extra-oficialmente, o Su-35 é o preferido das autoridades, mas a concorrência foi suspensa por tempo indeterminado. Por isso, o Brasil adquiriu o francês Mirage 2000 C, para servir de “tampão” enquanto não se compra outro modelo definitivo de caça.

Quem é quem na família Flanker

• SU-30 (ver pág. ao lado): Modelo multifuncional em reposta à versão F-15E Strike Eagle. Adquirido recentemente pela Venezuela

• SU-27: Primeiro modelo a entrar em serviço. Igualou-se e até mesmo superou seu rival norte-americano F-15 Eagle.

• SU-37/35: Versão mais aprimorada, foi oferecida a países que precisam de caça de altíssimo desempenho a baixo custo.

• SU-34: Versão destinada a ataque em profundidade e bombardeiro. Entra em serviço na força aérea russa ainda este ano.

SU-35 Super Flanker

FICHA TÉCNICA

Velocidade de cruzeiro: mach 0.99

Velocidade máxima: mach 2,35

Razão de subida: 13 800 m/mim

Potência: 1.01

Taxa de giro: 30º/s

Razão de rolamento: 240º/s

Raio de ação/ alcance: 1 900km/ 3 800 km

Alcance do radar: 190 km

Empuxo: 2 X 14 000 kgf

DIMENSÕES

Comprimento: 22,19 m

Envergadura: 14,70 m

Altura: 6,43 m

Peso: 18 400 kg

ARMAMENTO

Ar-ar: Mísseis R27 de radar semi-ativo, R77 de radar ativo, AKS172 anti AWACS, R73 guiado a infravermelho

Ar-terra: KH31 anti-radar, KH59M, KH65, Alpha, bombas guiadas a laser

Interno: 1 canhão GCH-301 de 30 mm

Para saber mais

Site

www.sukhoi.org

Tudo sobre os aviões Sukhoi (para quem não lê russo, existe versão em inglês)