A nosso pedido, cinco historiadores escolheram os dez melhores filmes já feitos até hoje inspirados na história
Na França de 1895, mexendo um pouquinho aqui, um pouquinho acolá num aparelho inventado pelo americano Thomas Alva Edison, os irmãos Auguste e Louis Lumière criaram o cinematógrafo. A máquina que projetava imagens numa tela em branco marcou o nascimento do cinema. E, com ele, o hábito de buscar em acontecimentos e personagens históricos os enredos para os filmes.
Mesmo sem querer, o primeiro filme tem um quê de história. Produzido em 1895 pelos inventores franceses, La Sortie des Usines Lumière (“A saída das fábricas Lumière”), com cenas cotidianas, tornou-se o registro histórico do início do indústria cinematográfica.
Do outro lado do Atlântico, o cinematógrafo também causou revoluções, a ponto de forjar uma cidade inteiramente dedicada à produção de filmes: no início do século 20, quem queria fazer cinema seguia para Hollywood, Califórnia, nos Estados Unidos.
Já em 1912, com Queen Elizabeth (“Rainha Elizabeth”), ficou explícita a busca, na história real, de uma identidade narrativa para as tramas. Mais impetuoso foi o produtor Frank Thayer, que, em 1913, assinou no México um contrato com o revolucionário Pancho Villa para filmar a batalha de Ojinaga. O resultado pode ser visto em With General Pancho Villa in Mexico (“Com general Pancho Villa no México”).
Em 1915, o americano D.W. Griffith lançou O Nascimento de uma Nação, que tem como pano de fundo a Guerra Civil Americana (1861-1865) e retrata com precisão eventos históricos como o assassinato de Abraham Lincoln. Com o triunfo dele, começaram as superproduções. Ben Hur (1927), por exemplo, mostrava uma eletrizante corrida de bigas – antes restrita às narrativas impressas e à imaginação.
A sétima arte pode, sim, ajudar na compreensão da história. Por isso, no mês do Oscar, perguntamos a cinco especialistas quais os melhores filmes históricos já produzidos. Nosso júri foi composto pelos historiadores Jaime Pinsky (diretor da editora Contexto), Pedro Paulo Funari (professor da Universidade Estadual Paulista, Unicamp), Júlio Gralha (da Unicamp), Yvone Dias Avelino (da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e Mauricio Broinizi Pereira (da PUC-SP). Confira ao lado quem levou a estatueta.
1. A Lista de Schindler (1993)
O filme de Steven Spielberg é historicamente correto e emocionante sem cair no sentimentalismo. Narra a história do industrial alemão Oskar Schindler (Liam Neeson) e dos 1 100 judeus que ele salvou. Sem permissão para filmar dentro de Auschwitz, Spielberg construiu uma réplica ao lado do campo de concentração real. O filme mostra o massacre dos prisioneiros, um pouco da vida dos oficiais alemães e o cotidiano dos judeus dentro do campo. Todo filmado em preto-e-branco, a única inserção de cor é o casaco vermelho de uma garotinha, Roma Ligocka, que sobreviveu e escreveu o livro The Girl in the Red Coat: A Memoir (“A garota no casaco vermelho: memórias”, inédito em português).
2. As Bruxas de Salem (1996)
Em 1692, em Salem, Massachusetts, garotas acusadas de serem bruxas tentam escapar da fogueira. Arthur Miller escreveu o enredo, porém, como uma metáfora da caça aos comunistas nos Estados Unidos na década de 1950.
3. Cleópatra (1963)
O filme com Elizabeth Taylor custou 44 milhões de dólares (em valores atuais, cerca de 610 milhões de reais) e mostra a chegada a Roma da rainha egípcia que seduziu Julio César (Rex Harrison) e Marco Antônio (Richard Burton).
4. Coração Valente (1995)
Dirigido e estrelado por Mel Gibson, Coração Valente narra o embate do escocês William Wallace e um exército de compatriotas durante o século 14 para que seu país se tornasse independente da Inglaterra.
5. O Grande Ditador (1940)
Charles Chaplin, com discursos à Hitler, é um judeu confundido com um ditador.
6. Spartacus (1960)
Um escravo gladiador escapa da arena e lidera uma rebelião, esmagada por Roma
7. Gladiador (2000)
General romano vira gladiador e enfrenta filho do imperador, que matou sua família.
8. A Missão (1986)
Jesuíta espanhol vem à selva brasileira com a missão de cristianizar os nativos.
9. O Nome da Rosa (1986)
Monge investiga a morte de religiosos num monastério e enfrenta a Inquisição.
10. Reds (1981)
A vida do jornalista John Reed, que cobriu a Primeira Guerra e a Revolução Russa.Os críticos Pedro Butcher (Folha de S.Paulo), Luiz Zanin Oricchio (O Estado de S. Paulo), Neusa Barbosa (diretora de conteúdo do Cineweb), Rubens Ewald Filho (comentarista do SBT) e Roberto Sadovski (diretor de redação da revista Set) também fizeram sua lista com os dez melhores filmes de história:
1. A Batalha de Argel (1965)
2. Roma, Cidade Aberta (1945)
3. Apocalipse Now (1979)
4. Lawrence da Arábia (1962)
5. A Lista de Schindler (1993)
6. Casanova e a Revolução (1982)
7. O Grande Ditador (1940)
8. Carlota Joaquina, Princesa do Brazil (1995)
9. Queimada (1969)
10. O Resgate do Soldado Ryan (1998)