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Brasil já teve mais de mil línguas

Brasil já teve mais de mil línguas

Luiz Muricy Cardoso Publicado em 01/03/2006, às 00h00 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36

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Aventuras na História - Arquivo Aventuras
Aventuras na História - Arquivo Aventuras

É isso mesmo que você leu no título. Entre os séculos 15 e 16, na época do descobrimento, cerca de mil línguas eram faladas no território que hoje é conhecido como Brasil. A existência de inúmeras tribos indígenas de culturas diferentes explica a enorme diversidade lingüística.

“A maior parte dessas línguas foi desaparecendo gradativamente, tanto devido à violência exterminadora dos colonizadores portugueses quanto à aculturação lusa”, afirma a lingüista Tânia Lobo, professora do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia. O processo é chamado de glotocídio – ou seja, extinção idiomática.

O número de línguas faladas em 1500 foi calculado pelo pesquisador Ayron Rodrigues, da Universidade de Brasília. Segundo Tânia Lobo, todas as línguas brasileiras são hoje separadas em vários troncos, sendo os principais o tupi (do qual deriva a família tupi-guarani, com mais de 50 línguas e dialetos) e o macro-jê (com mais de uma dezena de línguas e outros tantos dialetos). Os idiomas do tronco tupi são tradicionalmente falados na costa. Os do macro-jê, no interior. “A exceção são os índios aimorés, grupo litorâneo de Porto Seguro que falava o macro-jê”, diz.

Torre de Babel

Oração emn Brasília

Os primeiros portugueses que vieram ao Brasil aprenderam logo a língua dos tupinambás, falada em quase toda a costa brasileira. Chamada de brasílica, ela chegou a ser usada pelos jesuítas para a catequização indígena.

Línguas africanas

Durante a escravidão, falavam-se aqui cerca de 300 línguas africanas, predominando o grupo banto. Elas deixaram influência: palavras como “babá”, “chamego”, “muxoxo” e “dengo” estão entre as cerca de 3 mil incorporadas ao português.

Alemão no Brasil

Em Santa Catarina, no tempo da Segunda Guerra, só se ensinava o alemão em determinadas escolas. Foi a ditadura de Getúlio Vargas que, de maneira restritiva, impôs o fim disso, destruindo, inclusive, obras didáticas.

Ainda hoje, o Brasil é um dos países que mais têm línguas diferentes. Falam-se aqui mais de 180 idiomas, a maioria na Amazônia – onde fica, por exemplo, o município de São Gabriel das Cachoeiras, no qual são falados 22. Foi lá que Gilvan Muller, presidente do Ipol (Instituto de Políticas Lingüísticas, com sede em Santa Catarina), conseguiu co-oficializar três línguas. A co-oficialização consiste em tornar línguas nacionais passíveis de ser ensinadas nas escolas, sem ferir a Constituição, que reconhece apenas o português como idioma oficial. As crianças de São Gabriel estudam hoje, além do português, o baniwa, o nhengatu e o tucano.

Entre os mais de 180 idiomas em uso no Brasil, apenas 11 línguas têm mais de 5 mil falantes (além do português, é claro): baniwa, guajajara, caigangue, caiapó, makuxi, sateré-mawé, terena, ticuna, xavante, ianomâmi e guarani – esta última é falada por cerca de 30 mil pessoas. Por outro lado, cerca de 110 línguas contam com menos de 400 falantes.