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As Américas e a Civilização: Somos todos desiguais

Livro de Darcy Ribeiro aponta a formação dos povos como a causa de suas diferenças

Sergio Amaral Silva Publicado em 01/09/2007, às 00h00 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36

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Aventuras na História - Arquivo Aventuras
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Quais as causas da desigualdade no desenvolvimento dos povos americanos? Para o antropólogo, educador, político e professor Darcy Ribeiro (1922-1997), a resposta pode estar nas diferenças na formação deles. É essa a tese de As Américas e a Civilização, publicado originalmente em 1970 e recém-editado pela Companhia das Letras.

Aliás, o livro não se resume a apontar a origem do desenvolvimento desigual dos povos americanos. No estudo, Darcy apresenta soluções para que os países escapem do subdesenvolvimento. As Américas... é um dos cinco livros que representam o núcleo da obra do pensador. Os outros quatro volumes são O Processo Civilizatório, O Dilema da América Latina, Os Índios e A Civilização e os Brasileiros.

O mais original de sua análise está na divisão dos povos americanos em três grupos: povos-testemunho, remanescentes dos impérios da era pré-colombiana, como os do México e Peru; povos novos, resultantes da mistura cultural entre colonizador europeu, nativos e escravos, caso do Brasil e Chile; e povos transplantados, que reproduzem as estruturas cultural e racial da metrópole, a exemplo dos Estados Unidos e Canadá.

Darcy Ribeiro era mineiro de Montes Claros e foi um dos mais atuantes intelectuais brasileiros do século 20. Dedicou seus primeiros anos de vida profissional ao estudo dos indígenas, produzindo uma vasta obra. Fundou a Universidade de Brasília e foi ministro da Educação. Em 1963 chefiou a Casa Civil do presidente João Goulart, tendo elaborado, nessa época, a Lei de Diretrizes e Bases para a Educação. Exilado pelo governo militar, viveu em vários países da América Latina, trabalhando como assessor dos presidentes Salvador Allende, no Chile, e Velasco Alvarado, no Peru. Retornou ao Brasil em 1976. Elegeu-se vice-governador do Rio de Janeiro na chapa de Leonel Brizola, em 1982, cargo que ocupou cumulativamente à Secretaria de Cultura daquele estado. Foi senador pelo Rio de Janeiro de 1991 a 1997, quando morreu, vítima de câncer.