Um capitão mercenário e suas aventuras na guerra dos espanhóis contra os holandeses
Alatriste
Direção: Agustín Díaz Yanes, Espanha, 2006
Para os fãs de guerra, existem alguns cenários que praticamente saltam à mente: Roma, Idade Média, Cruzadas, Guerras Napoleônicas e, claro, a Segunda Guerra Mundial. Outros cenários não são tão populares, mas, ainda assim, sabemos do que se trata, como Vietnã, Egito e Japão medieval. Porém, certos temas são praticamente desconhecidos, excluídos do imaginário contemporâneo. A incrível época do capitão Alatriste – personagem principal deste filme do diretor Agustín Días Yanes – é um bom exemplo.
O pano de fundo em que este capitão mercenário vive suas aventuras é a primeira metade do século 17, quando a Espanha, até então a maior potência militar do mundo, travava uma guerra impiedosa contra os protestantes holandeses. Tema pouquíssimo explorado, esse conflito foi uma espécie de “Vietnã espanhol”. Um dos poucos ecos que chegaram até nós é uma famosa pintura de Velázquez, Las Lanzas, que mostra a rendição de Breda aos espanhóis, em 1625.
O filme, uma produção espanhola, é protagonizado pelo ator Viggo Mortensen, americano filho de pai dinamarquês (fez Aragorn no conhecido Senhor dos Anéis), no papel de Alatriste, um capitão mercenário que participa desses conflitos e se mete em toda sorte de encrencas (uma pequena curiosidade: o filme é falado em espanhol, mas Viggo mostra-se à vontade; é que seu pai, diplomata, atuou durante muitos anos na Argentina, onde Viggo passou a juventude).
Batalha contra um sniper
Para quem gosta de guerra, o que mais vale são as bem caracterizadas tomadas do cerco de Breda, no qual um dos amigos de Alatriste trava uma batalha pessoal contra um sniper holandês, numa época em que a arma usual era um arcabuz primitivo.
Outro momento muito bem explorado no filme é a ação dos piqueiros contra a cavalaria. Na época, vale lembrar, os tercios, os batalhões de infantaria espanhóis, eram considerados imbatíveis. Sua derrota para os franceses, na Batalha de Rocroi (19 de maio de 1643), marcou não só o fim da supremacia espanhola no campo de batalha, como também a derrocada da Espanha como maior potência de sua época.
Ainda assim, vale notar que, apenas e unicamente nessa parte, o filme falha em termos históricos. O final do filme (é claro que não vamos contar aqui) é diferente do que houve em realidade. Nas páginas da História, após a rendição de suas tropas aliadas, os tercios espanhóis suportaram, sozinhos, quatro cargas de cavalaria e o martelar da artilharia inimiga, sem depor armas. A eles, finalmente, foi concedida uma rara glória militar. Os franceses concordaram, dada a bravura daqueles homens, que eles se retirassem de campo ostentando suas bandeiras e emblemas. Afinal, eles não eram uma tropa qualquer. Eram parte de um temido tercio espanhol.
Elizabeth, the Golden Age
Direção: Shekar Kapur, Estados Unidos, 2007
Continuação do filme Elizabeth, de 1998, esta produção mostra o momento crucial em que a Inglaterra escapa, graças aos combates navais liderados por Drake e Raleigh – e a uma providencial tormenta – da até então invencível Armada espanhola, em 1588.
Aguirre, A Cólera dos Deuses
Werner Herzog, Alemanha, 1972
Demonstra a loucura dos espanhóis em busca dos supostos tesouros escondidos nas selvas da América do Sul, no século 16. A cena, por exemplo, dos soldados levando um canhão no meio de uma mata fechada vale o filme. Um clássico que vale a pena ver e rever.