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Admiradores de Duvalier acobertando a selvageria no Haiti

A tentativa de amenizar a imagem do ditador do Haiti

Luciana Taddeo Publicado em 01/12/2007, às 00h00 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36

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Aventuras na História - Arquivo Aventuras
Aventuras na História - Arquivo Aventuras

República do pesadelo. Sob o comando de François Duvalier, o Papa Doc, o Haiti foi assim descrito pelo escritor inglês Graham Greene na década de 60. No período, a população do país era aterrorizada pela milícia formada por tontons macoutes (“homens do saco” ou “bichos-papões”, no idioma haitiano), capangas que perseguiam opositores do presidente – e tinham liberdade para extorquir, torturar e matar.

Durante todo este ano, centenário de nascimento do ditador (morto em 1971), duvalieristas tentaram amenizar a imagem negativa que cerca sua memória. Lançaram livros como Au Gré de la Mémoire – François Duvalier, le Malaimé (“Ao bel-prazer da memória – François Duvalier, o mal-amado”, inédito no Brasil), de Rony Gilot, e François Duvalier, Titan ou Tyran? (“François Duvalier, Titã ou Tirano?”, também inédito), de Anthony Georges-Pierre. As obras provocaram um caloroso debate.

Os autores trabalharam no Ministério da Informação durante o governo de Jean-Claude Duvalier (filho de François, apelidado de Baby Doc). Gilot defende que Papa Doc lançou o Haiti na modernidade com a criação de instituições estatais e o aumento do acesso à educação. Já Georges-Pierre expõe diferentes facetas do ex-presidente, retratando-o como um apaixonado pelo poder. Além disso, em abril, a Fundação François Duvalier, criada em 2006, iniciou uma campanha para a volta de Baby Doc ao Haiti. Ele está exilado na França desde 1986, após uma revolta popular contra sua administração.

Duvalier foi eleito democraticamente em 1957 por seis anos, mas, em 1964, declarou-se presidente vitalício. O apelido vem da formação em medicina. Ele atendia camponeses, que o chamavam de Papa Doc em referência a “pai” e “doutor”.

Do bem ou do mal?

A mesma discussão já atingiu outros presidentes

Josef Stálin

Ter sido um ditador sanguinário ou ter feito bem ao país é polêmica antiga. Veja o caso, por exemplo, de Josef Stálin: governante da União Soviética entre 1924 e 1953, foi responsável pela morte de milhões de pessoas, mas seu programa de industrialização foi um sucesso, assim como os investimentos em educação e saúde.

Mao T

Mao tem uma história parecida com a de Stálin. Transformou, a partir de 1949, uma China arrasada por décadas de guerra e que não tinha sequer uma moeda unificada em um império forte, com reflexos que podem ser sentidos ainda hoje. Mas a fome e a repressão provocadas por seu governo mataram 30 milhões de pessoas.

Augusto Pinochet

Ditador do Chile de 1973 a 1989, o general Augusto Pinochet fez a economia chilena crescer mais de 5% ao ano por mais de duas décadas. Mas também exterminou opositores – há relatos não-oficiais que apontam mais 5 mil mortos, fora os milhares de desaparecidos em seu regime.