Nos anos 1920, o debate se centrou em dois pontos: a modernidade e a brasilidade
Raphaela de Campos Mello Publicado em 13/02/2022, às 06h00
As ideias apresentadas na Semana de Arte Moderna de 1922 puderam se propagar e se adensar no cenário cultural brasileiro graças a importantes revistas literárias criadas naquele mesmo ano e nos seguintes, até 1928.
“Foram anos decisivos e de ampla repercussão na história cultural brasileira, que corresponderam a um período agitado também na política, com a desintegração da República Velha e a preparação da Revolução de 1930”, escreve o professor de Literatura Brasileira da Universidade de São Paulo (USP), Ivan Marques, no livro "Modernismo em Revista: Estética e Ideologia nos Periódicos dos Anos 1920" (ed. Casa da Palavra).
Klaxon (São Paulo, 1922-23), Estética (Rio de Janeiro, 1924-25), A Revista (Belo Horizonte, 1925-26), Revista de Antropofagia (1928-1929), entre outras, tiveram vida breve, mas existiram por tempo suficiente para cunharem um lugar na história do país.
O debate por elas fomentado, que atravessou a década de 1920, se centrou em dois pontos cruciais: a modernidade e a brasilidade.
“Destinadas a um público bem mais restrito, essas publicações não precisavam abusar de apelos visuais, por conta da falta de recursos e das enormes dificuldades de produção", explica Marques.
O pesquisador acrescenta: "Essas razões todas, somadas ao caráter provocador e efêmero que define as iniciativas de vanguarda, explicam a sua parca popularidade e curtíssima duração.”
A primeira a ser lançada foi a Klaxon, em 15 de maio de 1922, três meses depois da Semana de Arte Moderna.
“Ela despontou como uma consequência direta do festival promovido com alarde no Theatro Municipal de São Paulo, a cujo espírito renovador e polêmico dava imediata continuidade”, contextualiza o docente.
Naquele momento, era preciso amadurecer os frutos ainda verdes do evento que se propôs a dar corpo ao incipiente ideário modernista brasileiro. Entre os colaboradores do periódico, estava o escritor Mário de Andrade, o mais frequente e combativo deles, por sinal.
A escolha do título revela o impacto e o fascínio provocados pelos avanços tecnológicos do começo do século 20.
Klaxon era a denominação da buzina localizada na parte externa dos veículos, símbolo de estridência e estardalhaço, tal qual o espírito da publicação. Mas também uma alusão ao famoso Manifesto Futurista de 1909, escrito pelo poeta italiano Filippo Tommaso Marinetti.
O futurismo foi a vanguarda que mais influenciou o modernismo brasileiro em seus primórdios e, dentre as maravilhas exaltadas por seu documento inaugural, estava a “beleza da velocidade”.
Com originalidade, a revista ainda produzia encartes e ilustrações soltas, criados por artistas como Victor Brecheret, Di Cavalcanti, Anita Malfatti, John Graz e Tarsila do Amaral.
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