Erik e Lyle Menendez - Getty Images
Irmãos Menendez

Irmãos Menendez: Quais evidências motivaram nova audiência para Lyle e Erik?

Retratado em nova série da Netflix, o controverso caso de Lyle e Erik Menendez será avaliado em nova audiência nos Estados Unidos

Thiago Lincolins Publicado em 03/10/2024, às 20h24 - Atualizado às 22h06

O caso dos irmãos Menendez, condenados pelo assassinato dos próprios pais, será avaliado em nova audiência, marcada para o dia 29 de novembro.

A novidade, revelada pela Variety nesta quinta-feira, 3, coincide com a repercussão da segunda temporada da antologia "Monstro", que revive o crime cometido por Lyle e Erik Menendez.

O anúncio foi realizado por George Gascón, promotor do distrito de Los Angeles. Ele explicou que a audiência em questão pode originar um novo julgamento ou até mesmo a reavaliação das penas determinadas a Erik e Lyle. Mas, Gascón destacou que nenhuma decisão foi tomada por enquanto.

"Nenhuma dessas informações foi confirmada", disse ele. "Não estamos prontos para dizer que acreditamos ou não nessas informações, mas estamos aqui para dizer que temos uma obrigação moral e ética de revisar o que está sendo apresentado a nós e fazer uma determinação com base em um lado de nova sentença, se eles merecem ser novamente sentenciados — mesmo que eles tenham sido claramente os assassinos — porque eles estão na prisão há anos e pagaram suas dívidas à sociedade. Se houvesse evidências que não foram apresentadas ao tribunal naquele momento, e se essas evidências tivessem sido apresentadas, talvez um júri tivesse chegado a uma conclusão diferente".

De acordo com o promotor, as evidências que vieram à tona mais de 30 anos após o crime, apoiam os relatos feitos por Lyle e Erik. Enquanto a acusação alegava que eles mataram por dinheiro, a defesa argumentava que eles foram vítimas de abuso sexual e emocional por parte dos próprios pais, Kitty e José Menendez. 

Em meio a dois julgamentos controversos, entre 1993 e 1996, os irmãos acabaram sentenciados à pena de prisão perpétua sem possibilidade de condicional. 

Mas quais foram as evidências que colaboraram com a nova audiência?

Carta

Inicialmente, Gascón citou uma carta enviada por um dos irmãos a um parente. Em maio de 2023, os advogados dos irmãos apresentaram uma petição ao Tribunal Superior do Condado de Los Angeles. 

A carta em questão, como repercutido pela People, foi escrita por Erik Menendez para o primo, Andy Cano, meses antes do crime que chocou os Estados Unidos, na qual faz um forte desabafo sobre os abusos do pai.

Em trecho, repercutido pela CBS News, Erik escreveu: "Tenho tentado evitar papai", documentou o jovem. "Está piorando para mim agora... Toda noite fico acordado pensando que ele pode entrar... Estou com medo... Ele é louco. Ele me avisou centenas de vezes para não contar a ninguém, especialmente ao Lyle".

Relatos

Além disso, a petição de Habeas Corpus também mencionou as acusações de abuso sexual reveladas por Roy Rosselló, ex-integrante da boy band Menudo, contra José Menendez. Roy alegou ter sido molestado pelo pai de Lyle e Erik nos anos 1980. Um cenário semelhante ao que foi argumentado pelos irmãos durante os julgamentos.

No documentário "Menendez + Menudo: Boys Betrayed", Rosselló afirma: "Esse aqui é o homem", ao apontar para uma foto de José com o grupo Menudo. "Esse cara… esse é o pedófilo".

Naquela época, o pai de Lyle e Erik trabalhava como diretor de operações da RCA Records. Ele era o responsável por expandir o gênero latino na gravadora e contratar novos talentos, o que incluiu o Menudo.

Antes de a nova audiência ser anunciada, Mark Geragos, advogado dos Menendez após a condenação, explicou que as evidências não foram utilizadas no julgamento diante do tempo que permaneceram desconhecidas.

"Estamos argumentando que o segundo julgamento não respeitou as proteções constitucionais por vários motivos", explicou Geragos à People. "E uma petição de Habeas Corpus requer novas evidências. E a nova evidência inclui o acusador do Menudo e a carta encontrada."

O advogado ainda enfatizou que, hoje, o resultado do julgamento seria diferente. "Hoje em dia, eu argumentaria que isso seria considerado homicídio culposo. A sociedade evoluiu e está mais esclarecida sobre questões como abuso sexual".

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