Um triplo homicídio com sinais de tortura escandalizou o país e foi usado como símbolo de luta contra a violência à mulher
Victória Gearini Publicado em 20/11/2020, às 17h00
No dia 13 de novembro de 1992, as jovens Antonia Gómez, Desireé Hernández e Miriam García, que tinham entre 14 e 15 anos, desapareceram em Alcácer, na Espanha. Três meses depois, no dia 27 de janeiro de 1993, seus corpos foram encontrados por dois apicultores dentro do poço de La Romana, localizado na montanha próxima ao Pântano de Tous. A perícia confirmou sinais de tortura e violência sexual.
Na época deste crime brutal, as autoridades afirmaram que as três adolescentes estavam a caminho de uma festa quando pediram carona para dois homens desconhecidos.
Durante as investigações, a cobertura foi intensa nos meios de comunicação, que passaram a concorrer entre si para conseguir o número de informações sobre a vida das jovens e de suas famílias.
Criticada por muitos, a imprensa anunciou o crime antes de alguns familiares terem sido notificados - como foi o caso da mãe de Miriam Garcia, que ficou sabendo pela televisão que sua filha havia sido assassinada.
A cientista política e autora do livro Microfísica Sexista del Poder: el Caso Alcàsser y la Construcción del Terror Sexua, Nerea Barjola, explicou, em entrevista à BBC, que em um primeiro momento a mídia focou no sofrimento das famílias e, depois, passou a focar nas ações das adolescentes.
"Na época, falavam muito que elas tinham pedido carona. Praticamente toda a narrativa girava em torno disso, de que se elas não tivessem pedido carona, nada disso teria acontecido. Por extensão, esse é um aviso para o resto das mulheres”, disse à BBC.
Em sua obra, a autora reforça como a mídia reproduziu discursos machistas. “Determinaram diretrizes de comportamento e limites que não poderíamos ultrapassar. Nos convidou a reformular nosso comportamento, em vez de colocar o foco do debate no sistema machista”, explicou a especialista à BBC.
A perícia apontou Miguel Ricart e Antonio Anglés como os autores do triplo homicídio. Ricart foi condenado a 170 anos de prisão, mas atualmente está em liberdade. Já Anglés, quando soube que seria preso, fugiu e nunca foi encontrado.
O caso chocou a Espanha e até hoje é símbolo de luta contra a violência a mulher. É possível encontrar a história completa na série Crime de Alcácer, disponível na Netflix. Dividido em cinco partes, o documentário analisa as investigações e o papel da mídia perante o caso.
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