Marcus Opellius Macrinus, interpretado por Denzel Washington, nasceu por volta de 164 d.C. na Mauritânia Cesariense (atualmente na Argélia)
Redação Publicado em 21/11/2024, às 20h40
“Gladiador 2”, sequência do clássico do diretor Ridley Scott, chegou aos cinemas brasileiros no dia 14 de novembro. Fictício, o filme é ambientado na Dinastia Severa, que governou o Império Romano de 193 a 235 d.C., e se inspira numa série de personagens da época.
Uma das principais figuras é Macrinus (Denzel Washington). Ele é um traficante de armas que abastece o exército e organiza as apresentações de batalhas de gladiadores. Com seu envolvimento no Senado e na corte imperial, acumula uma grande fortuna e poder, mas ainda assim busca mais.
O Marcus Opellius Macrinus da vida real nasceu por volta de 164 d.C. na Mauritânia Cesariense (atualmente na Argélia), de origem berbere. O historiador e senador Cassius Dio o descreveu como "mouro de nascimento".
Sabe-se que ele provavelmente recebeu uma boa educação, pois, se formou advogado e se mudou para Roma, onde prosperou. Dio destacou não seu conhecimento jurídico, mas a "fidelidade" com que observava as leis e precedentes.
O Macrinus histórico não tinha envolvimento com gladiadores. Ele ocupava um alto cargo no círculo íntimo do imperador, gerenciando os assuntos civis em Roma antes de aproveitar a morte de Caracalla para tomar o trono imperial.
Além disso, segundo o History Extra, não há evidências de que Macrinus tenha tido qualquer relação com o imperador Marcus Aurelius, muito menos que tenha sido escravizado por ele, como sugere "Gladiador 2".
No filme, Macrinus afirma ter o "confiança dos imperadores" Caracalla e Geta, o que de fato ocorreu devido à Guarda Pretoriana, a guarda imperial de elite. Ele chamou a atenção de Plautianus, chefe da guarda, durante o reinado de Septímio Severo.
Embora Plautianus tenha caído em desgraça e sido executado em 205 d.C., Macrinus manteve-se em boa posição graças aos aliados no Senado. Ele continuou sua carreira jurídica enquanto lidava com responsabilidades burocráticas.
Com a morte de Severo em 211 d.C., seus filhos, Caracalla e Geta, assumiram o trono, embora por pouco tempo, já que Caracallamatou o irmão e estabeleceu seu próprio reinado, nomeando Macrinus como prefeito pretoriano e promovendo-o a um dos mais altos cargos do império.
Além de suas funções jurídicas e administrativas, Macrinus era comandante da Guarda Pretoriana e da Legio II Parthica, uma das legiões romanas. Ele acompanhou Caracalla em sua campanha contra o Império Parta, mas a invasão falhou.
Três dias após o assassinato, o exército proclamou Macrinus imperador. Quando a notícia chegou a Roma, o Senado não viu razão para contestar a escolha, já que muitos senadores odiavam Caracalla.
Ele fez história por ser o primeiro imperador que não provinha da aristocracia romana ou da classe senatorial. Após sua ascensão ao trono, permaneceu no campo militar em Antioquia, com a prioridade de resolver a guerra contra os partas.
Porém, em vez de continuar a campanha, ele optou por negociar a paz, aceitando termos desfavoráveis e pagando enormes somas aos partas. Isso marcou o início de sua queda.
Macrinus também se afastou de outras questões militares, como o confronto com a Armênia e a Dácia, preferindo evitar mais confrontos. A popularidade de seu governo caiu com a diminuição dos salários dos soldados e a revalorização da moeda.
Segundo Cassius Dio, Julia Domna, mãe de Caracalla e figura política importante, começou a conspirar contra Macrinus, o que levou à sua prisão. Após a morte da mulher, sua irmã, Julia Maesa, continuou a conspiração, espalhando o boato de que seu neto, Heliogábalo, era filho ilegítimo de Caracalla.
O exército, movido por esse rumor, proclamou Heliogábalo imperador, levando Macrinus a nomear seu filho, Diadumênio, como co-imperador para garantir uma linha dinástica estável. No entanto, o exército desertou, e o próprio Ulpius Julianus, o chefe da Guarda Pretoriana, foi morto pelas tropas que se uniram ao jovem Heliogábalo.
Em junho de 218, as forças de Macrinus enfrentaram as legiões leais a Heliogábalo na batalha de Antioquia e sofreram uma derrota decisiva. Após 14 meses no poder, Macrinus fugiu para Roma, mas foi reconhecido e capturado no caminho.
Ele foi executado logo depois, e seu filho também encontrou a morte. O Senado reconheceu imediatamente Heliogábalo como imperador e declarou Macrinus e seu filhos inimigos do Estado. Ambos foram sujeitos ao damnatio memoriae, uma condenação que apagou seus nomes da história.
Conforme conta o History Extra poucas fontes restaram sobre a vida de Macrinus, sendo as palavras de Cassius Dio uma das mais conhecidas. Como senador, ele não poupou críticas ao ascendente político:
“Esse homem poderia ter sido elogiado acima de todos, se não tivesse ambicionado o império para si, escolhendo alguém do Senado para tomar o trono. Mas ao invés disso, ele trouxe desonra e destruição sobre si mesmo, tornando-se alvo de reprovações e caindo em um desastre merecido", escreveu.
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