Especialista em turismo internacional, Pedro Richardson, conta as experiências vividas ao lado do povo russo e revela características do país expulso dos Jogos Olímpicos
Redação Publicado em 03/08/2021, às 15h29
Entre bandeiras coloridas e cheias de símbolos nacionais, um emblema predominantemente branco ganhou destaque nos Jogos Olímpicos de Tóquio. O branco, azul e vermelho do país governado por Vladimir Putin deu lugar a um imenso clarão. Sem menção à Rússia e menos ainda ao hino entoado pelo povo russo, os atletas do país encontraram no vazio da bandeira a chance de competir na Olimpíada 2020.
O símbolo desconhecido fomentou a curiosidade de quem acompanha as transmissões ao vivo. Apesar da delegação embarcar jogadores e treinadores russos, oficialmente, o país não existe na competição. No lugar da sigla RUS (de Rússia), os espectadores torcem pela representação dela, o ROC (Comitê Olímpico Russo, em inglês).
A substituição do país pelo Comitê Olímpico Russo ocorreu após 91 atletas da nação cometerem infração de doping. A descoberta do escândalo, em 2019, levou a Agência Mundial Antidoping a excluir a nação da disputa dos Jogos Olímpicos de Verão e Inverno, além de Campeonatos Mundiais, por quatro anos. A decisão também foi acatada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI).
De acordo com o professor de educação física, Raphael Ribeiro, o doping é caracterizado pelo uso de substâncias capazes de potencializar o desempenho do corpo durante a prática de exercício físico ou em disputas.
Nesses casos de competição, o uso do doping é considerado desleal, já que o usuário ganha vantagem em relação aos demais atletas que não são adeptos. O efeito da substância em corredores, por exemplo, faz com que os atletas resistam por mais tempo, evita a fadiga e melhora o tempo performado”, explicou.
Para os atletas que não compactuam com a prática, o presidente do COI, Thomas Bach, considerou legítima a participação na Olimpíada 2020 pelo Comitê Olímpico Russo.
Apesar da memória de escândalo carregada pela nação na disputa dos Jogos Olímpicos de Tóquio, os competidores russos já fizeram história na competição. Ao todo, ganharam 427 medalhas nos Jogos Olímpicos de Verão e outras 113 nos Jogos Olímpicos de Inverno. No apanhado das últimas 8 edições dos Jogos, com 426 medalhas totais, a Rússia aparece atrás apenas dos Estados Unidos, que lideram com 489 e 183, respectivamente.
O especialista em turismo internacional Pedro Richardson, autor do blog de viagens Travel With Pedro, guarda boas lembranças do tempo em que morou no país e considera que o esporte faz parte da vida do russo, assim como o futebol é para o brasileiro.
Para Pedro, o sul da Rússia, na região do Cáucaso Norte (entre o Mar Negro e o Mar Cáspio), é como as ruas do Brasil, onde é comum ver crianças chutando bola, driblando o amiguinho na praia ou em algum campo de bairro. No entanto, a paixão do povo russo é pela luta.
Visitando uma praia no Daguestão, fiquei hipnotizado pela quantidade de duplas lutando na areia e mesmo dentro d’água. Tudo parecia uma desculpa para um golpe de luta. Lá, o sonho das crianças (e de seus pais) é ser um atleta de luta greco-romana”.
Além de se destacar nas competições esportivas, a Rússia também é conhecida por abrigar um dos grandes centros turísticos do mundo: Moscou. Em 2018, foram registrados 23,5 milhões de turistas na capital, número que representa mais de 70% do próprio país.
Após as revitalizações para sediar a última Copa do Mundo, em 2019, a expectativa do comitê de turismo da cidade era de haver um aumento de 35% no turismo local em 2025, ou seja, um salto para 31,8 milhões de visitantes. No entanto, a estimativa sofreu impacto após a pandemia da Covid-19.
Apesar da concentração dos turistas na capital e na cidade de São Petersburgo por causa dos famosos museus e arquitetura grandiosa, a Rússia ainda surpreende pela grande variedade de paisagens, florestas e regiões montanhosas.
Para o viajante Pedro, é necessário sair dos grandes centros para conhecer a Rússia de verdade.
Cidades como Kazan, Samara e Ecaterimburgo, embora também grandes, representam mais o país. Kazan era uma cidade dividida entre as culturas tártara e russa. Samara é um grande centro industrial às margens do Rio Volga, cujas águas ficam congeladas no inverno, mas que se transformam em excelentes praias no verão. Já Ecaterimburgo é a capital dos Montes Urais e a porta de entrada para a região da Sibéria”, explicou.
Por ser um país cujas temperaturas chegam a dezenas de graus negativos no inverno, locais onde há saunas ganham o favoritismo entre os moradores e visitantes.
Os banhos russos possuem uma sauna aquecida por lenha onde a temperatura chega a 80 graus. É um lugar para se socializar, bater papo, jogar baralho e conversa fora, além de tomar muita vodka”, indica o especialista.
Formado em Hotelaria pela Blue Mountain International Hotel Management School, na Austrália, Pedro também se interessa pelas características da população. Para ele, o povo russo vai muito além do estereótipo reservado e sério. Nesse quesito, ao longo do tempo, Pedro entendeu que, para eles, o sorriso é um presente para as pessoas próximas.
O russo é um povo que ama sua cultura. As pessoas mais velhas e do interior costumam ser bastante religiosas. Mas, no geral, o russo adora uma festa e qualquer pequena comemoração é uma desculpa para tomar muita vodka. Fora dos grandes centros, turistas estrangeiros costumam ser muito bem recebidos e nós, brasileiros, despertamos muita curiosidade”, contou.
Segundo Pedro, para os russos, somos um povo exótico e o Brasil ainda é uma terra de sonhos para muitos. Na tentativa de manter uma conexão com os brasileiros, o esporte surge como ponte.
Assim como nos países árabes, o povo costuma dizer nomes de jogadores de futebol para mostrar familiaridade com o Brasil. Na Rússia, as senhoras de mais idade costumam falar das nossas novelas, sendo a Escrava Isaura um marco no país”, contou.
Especialista em turismo internacional, o blogueiro de viagem Pedro Richardson possui 115 mil seguidores na página do instagram intitulada Travel With Pedro. Apaixonado por desbravar o mundo e conhecer novas culturas e lugares, o nômade digital já viajou para 110 países.
A experiência prática está alinhada ao currículo, formado em Hotelaria pela Blue Mountain International Hotel Management School, na Austrália, com especialização em Revenue Management pela Escola de Hotelaria da Universidade de Cornell (EUA), o viajante também possui licenciatura em Letras pela Universidade Federal de Viçosa e é considerado poliglota autodidata.
Natural de Montes Claros (MG), fez do gosto pela língua estrangeira a profissão. Gerente e consultor de hotéis em Londres por 13 anos, escolheu a hotelaria pela possibilidade de trabalhar em diferentes lugares do mundo.
No percurso da viagem da própria vida, o especialista em turismo encontrou prestígio em compartilhar as experiências com usuários nas redes sociais. Antes, apenas como hobby, decidiu profissionalizar a página virtual em 2014. Após 7 anos de muitos check-ins, pousos e decolagens, Pedro Richardson consolida a Travel With Pedro como um blog referência quando o assunto é viagem.
Além da bagagem cultural e intelectual, os anos de trabalho também renderam a ele indicações a prêmios, como Melhor Blogueiro Profissional pela Bolsa de Turismo de Lisboa e Melhor Blogueiro de Ecoturismo pela Sociedade Internacional de Ecoturismo.
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