Homossexuais identificados com um triângulo rosa no uniforme em campos de concentração - Wikimedia Commons
Nazismo

Castração e overdose de hormônios: 5 fatos sobre a "cura gay" do Terceiro Reich

Em vez de exterminá-los, como faziam com os judeus, os soldados da SS tinham o intuito de “recuperá-los” da homossexualidade

Isabela Barreiros Publicado em 29/04/2020, às 14h28

1. A cura gay

Durante o regime nazista, os homossexuais eram identificados com um triângulo rosa no uniforme / Crédito: Wikimedia Commons

 

Os campos de concentração nazistas abrigaram muito mais que judeus e ciganos. Para esses grupos, o objetivo era o extermínio. Mas existiram outros que foram obrigados a permanecer nesses locais, e o plano era outro: os soldados nazistas não pretendiam exterminar os homossexuais. Queriam, diziam eles, curá-los.

Fuhlsbuttel foi o primeiro campo a confinar essas pessoas. Quando os presos chegavam à instalação, localizada ao norte de Hamburgo, na Alemanha, eram marcados com a letra A, mais tarde substituída por um triângulo cor-de-rosa, que se tornou símbolo dos horrores sofridos pela nova categoria dentro desses locais.


2. Castração e hormonização

Para alcançar essa “cura gay”, essas pessoas foram sujeitas a diversos tratamentos médicos violentos. No campo de Buchenwald, por exemplo, os presos foram castrados. Depois disso, o endocrinologista nazista dinamarquês Carl Vaernet injetou doses muito altas de hormônios masculinos, para observar sinais de masculinização.

Para o médico, a falta de testosterona era a principal razão da homossexualidade. A tese deu origem ao tratamento, que fez com que ele recebesse um fundo mensal para realizar seus experimentos. Apenas em Buchenwald, 12 homens foram tratados com a hormonização e, pelo que se sabe, dois deles morreram por conta das infecções.


3. Casas de prostituição

Outra “terapia” foi criada no campo de concentração de Flossenbürg. Lá, os nazistas abriram uma casa de prostituição. Forçando os homossexuais a visitá-la, os nazistas estavam supondo que talvez o maior contato com mulheres pudesse reverter a orientação sexual desses homens.

Essa foi uma prática essencialmente cruel para grupos diferentes: tanto esses homens quanto as mulheres prisioneiras nos locais passavam por constantes humilhações vindas dos guardas do campo.


4. Dentro dos campos

Crédito: Domínio Público

 

Além dos horrores das terapias médicas, o grupo também sofria até mesmo com os demais confinados. Como eram vistos como doentes e pervertidos, o importante sociólogo alemão Rüdiger Lautmann acredita que a mortalidade dessas pessoas tenha sido ainda maior, pois eram perseguidos, também, por outros prisioneiros.

Para eles ainda eram dados os trabalhos mais perigosos dentro dos campos de concentração. Sob uma lógica de “extermínio pelo trabalho”, eles eram obrigados a realizar as piores e mais árduas atividades, como atuar na fábrica de foguetes subterrâneos de Dora-Mittelbau e nas pedreiras de Flossenbürg e Buchenwald, por exemplo.


5. As consequências

Estima-se que 55% dos homens gays que foram levados aos campos de concentração morreram — algo entre 5 mil e 15 mil pessoas. Como já dito, esses números podem ser ainda maiores porque, além da violência sofrida por meio dos tratamentos médicos e pela ação dos guardas, eles também eram submetidos à agressividade de outros prisioneiros.

Os que se aparentassem estar “curados” após todos esses sofrimentos eram enviados por bom comportamento para uma divisão militar para combater os russos. Aqueles que não “melhorassem” eram classificados como “homossexuais crônicos”. Esses resultados, no entanto, não podem ser levados à risca. Esses homens provavelmente fingiam que haviam se tornado heterossexuais para serem libertos do horror vivido nos campos de concentração.


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