Ayrton Senna, o maior piloto de Fórmula 1 da história brasileira - Getty Images
Ayrton Senna

30 anos sem Senna: O legado do piloto que virou ídolo nacional

Na próxima quarta-feira, dia 1º, a morte de Ayrton Senna completa 30 anos; relembre as corridas, o acidente e o legado do maior piloto brasileiro

Maria Paula Azevedo, sob a supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 28/04/2024, às 10h00 - Atualizado em 01/05/2024, às 14h08

1º de maio, conhecido como o dia internacional dos trabalhadores, ficou marcado para sempre na memória dos brasileiros por outro motivo. No mesmo dia, em 1994, o país perdeu um de seus filhos e o patrono do esporte brasileiro: Ayrton Senna

Nascido na capital paulista, no bairro de Santana, Ayrton pegou gosto pela velocidade com apenas quatro anos, quando começou a correr de kart, uma brincadeira que virou coisa séria aos treze anos, ao participar de competições da modalidade.

Aos 21 anos, Senna partiu para a Europa, onde, em 1981, garantiu o campeonato da Fórmula Ford 1600 no Reino Unido, vencendo 12 das 20 corridas. Depois, ele conquistou o título da Fórmula 3 inglesa, que, na época, era o último degrau antes da Fórmula 1.

Quando tinha apenas 24 anos, Senna deu início à sua jornada na Fórmula 1. Ao longo de uma década, ele conquistou 41 vitórias e três títulos mundiais-em 1988, 1990 e 1991 -, todos pela equipe McLaren, estabelecendo-se como um dos maiores pilotos da F1.

Ayrton Senna com sua McLaren na temporada de 1990 - Créditos: Getty Images

 

Inesquecível

A imagem que muitos brasileiros tem até hoje é a de Senna com uma bandeira tremulante do Brasil em suas mãos, símbolo que marcou presença no topo do pódio em um período sociopolítico e economicamente conturbado para o país.

Esse ato começou com a vitória de Ayrton no GP de Detroit em 1986, nos Estados Unidos. Na ocasião, a seleção brasileira de futebol masculino havia acabado de ser eliminada pela França durante as quartas de final da Copa do Mundo do México. 

Ao avistar uma multidão brasileira nas arquibancadas com a bandeira, o tricampeão pediu uma para si. Esse gesto também foi uma resposta aos mecânicos de sua equipe, a Lotus (equipada com o motor francês Renault), e ao projetista Gerard Ducarouge, que o provocaram pelo resultado na Copa.

Ayrton, até hoje o último campeão mundial do Brasil na Fórmula 1, foi nomeado como Patrono do Esporte Brasileiro no 26 de abril de 2023, conforme repercutido pelo jornal Folha de S. Paulo. Essa distinção foi formalizada pela Lei 14.559/2023, sancionada pelo vice-presidente e presidente em exercício na época, Geraldo Alckmin.

Morre um herói brasileiro 

Naquele trágico final de semana, Senna estava em Ímola, na Itália, para o Grande Prêmio de San Marino, que ficou marcado na história do automobilismo pela série de acidentes que ocorreram na pista.

Na véspera da grande corrida, o piloto austríaco Roland Ratzenberger faleceu em um acidente fatal durante seu treinamento e, um dia antes, o brasileiro Rubens Barrichello também sofrera um acidente que resultou em ferimentos leves. 

Para resgatar o episódio histórico, o site Aventuras na História entrevistou Rodrigo Rainha, historiador e professor da Estácio. 

Eu estava em casa, em uma comunidade no Rio de Janeiro e a gente assistia pela TV. Meu pai brincava que Fórmula 1 você não precisava assistir o tempo todo. Assim, aconteceu. 'Vai ultrapassar!' aí você tira o olho do jornal, e eu vi, naquela curva que eu imaginava que era tranquila, o carro passar reto, e falei: 'Não é possível!'", relembrou o professor. 

“‘Senna bateu’. É quando começa, então, pano preto, vai para o hospital, aquele mexeu ou não se mexeu. Preciso lembrar que o Brasil estava no momento em que o complexo de vira-lata, de alguma maneira, estava forte ali, não estávamos bem no futebol. Existiram problemas políticos sérios. Então, quando aquilo acontece, a primeira coisa pensamos é: 'Pô, não dá nada certo mesmo!’ e aí depois você vai ver que é muito mais grave do que tudo aquilo que tinha pensado.”, disse ele. 

Momento do acidente de Ayrton Senna - Wikimedia Commons

 

No dia 1° de maio de 1994, Senna dirigia a 300 quilômetros por hora na sétima volta do percurso quando perdeu o controle do carro na curva Tamburello e se chocou violentamente contra um muro da pista. 

O impacto da batida quebrou a barra de suspensão de seu carro e a peça atravessou o capacete de brasileiro, atingido-o na testa. Momentos depois, o piloto foi atendido ainda na pista e levado de helicóptero até o Hospital Maggiore de Bolonha, onde teve sua morte confirmada às 13h40, no horário de Brasília.

Quando Senna faleceu, aos 34 anos, em um acidente transmitido ao vivo para o mundo todo, o Brasil inteiro sentiu a perda do ídolo. O Estado brasileiro declarou luto oficial de três dias e concedeu honrarias de chefe de Estado, com um velório de dois dias na Assembleia Legislativa de São Paulo, ponto facultativo nas repartições públicas de São Paulo e o auxílio das Forças Armadas durante o cortejo. 

O caixão do tricampeão recebeu a visita de 240 mil pessoas, um testemunho do impacto e da admiração que Ayrton despertava. Já o cortejo fúnebre, que seguiu até o Cemitério do Morumbi, foi acompanhado por inúmeros fãs, que formaram uma corrente humana na Marginal Tietê. 

Funeral público de Ayrton Senna, em 1994 - Créditos: Getty Images

 

Legado

Além dos recordes e vitórias na Fórmula 1, Rodrigo também explicou qual é o legado que Ayrton Senna deixou para os brasileiros. 

Eu acho que tem um legado de senso coletivo de pátria, de reconhecer o outro, ter orgulho de onde você veio, representar as cores, que ajudam a fortalecer as bases de civilidade e sociedade para além de uma questão de direita ou esquerda, para além de tentar colocar essa bandeira somente num aspecto ou outro. Mas, principalmente, entendendo que é um legado humano de construção de uma sociedade coletiva”, disse ele.

Para finalizar a entrevista, questionamos se é possível descrever Ayrton em apenas uma palavra: “Acho muito difícil, talvez vocês consigam um pincelar em alguma relação. Aí talvez pensaria a identidade, talvez pensaria ídolo, talvez pensaria, sei lá, valor compartilhado, mas não sei. Não sei te definir de uma maneira tão clara assim ou não, e esse aqui é o ponto.” concluiu o professor. 

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