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Matérias / Escândalo de Berna

Escândalo de Berna: Entenda a situação jurídica do técnico Cuca

Recente contratação do técnico pelo Atlético Mineiro causou críticas de torcedores por passado polêmico do técnico, que inclui um caso de abuso sexual

Redação Publicado em 30/12/2024, às 12h30

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Envolvidos no Escândalo de Berna - Arquivo AH
Envolvidos no Escândalo de Berna - Arquivo AH

A recente contratação de Cuca como o novo treinador do Atlético-MG para a temporada de 2025 gerou uma onda de críticas nas redes sociais, com torcedores expressando seu descontentamento em relação à decisão da diretoria do clube.

As vozes contrárias à escolha lembram o passado polêmico do técnico, que inclui um caso de abuso sexual ocorrido na Suíça em 1987, quando ele ainda era jogador. O episódio ficou conhecido como Escândalo de Berna.

Cuca, agora com 61 anos, inicia sua quarta passagem pelo Atlético-MG após ter a condenação anulada pelo Tribunal Regional de Berna-Mittelland, na Suíça. O tribunal decidiu anular o julgamento devido a falhas processuais, mas essa decisão não abordou o mérito da acusação. Assim, a anulação não implica uma declaração de inocência ou culpabilidade, mas sim o encerramento do processo.

+ Caso Cuca: Vítima tentou se matar e reconheceu treinador como abusador, diz advogado

O 'Escândalo de Berna'

O incidente que envolve Cuca remonta a julho de 1987, durante uma excursão do Grêmio à Suíça para participar da Copa Philipps. Após uma partida bem-sucedida contra o Benfica, quatro jogadores da equipe foram presos sob a acusação de atentado violento ao pudor contra uma menor de idade:Cuca, Eduardo, Fernando e Henrique.

A jovem, que na época tinha apenas 13 anos, relatou ter sido levada para um quarto onde foi submetida a abusos. Segundo o depoimento da vítima, ela estava nos corredores do hotel onde a delegação do Grêmio estava hospedada. A jovem apontou que estava em busca de lembranças da equipe gaúcha quando foi levada ao quarto 204.

No quarto, ela teria tirado a blusa fazendo uma mímica do presente que gostaria de ganhar — visto que os atletas não entenderam quando ela falou francês e alemão. Assim, ela acabou sendo abusada sexualmente por cerca de 30 minutos. 

Os atletas alegaram que a adolescente aparentava ser maior de idade e que ela teria adentrado voluntariamente no quarto em busca de uma camisa do time. No entanto, depoimentos contraditórios surgiram e levaram à condenação dos jogadores por parte da justiça suíça.

Os quatro permaneceram presos por um mês. Em 1989, Cuca, Henrique e Eduardo acabaram sendo condenado a 15 meses de prisão e ao pagamento de 8 mil dólares por violência sexual contra pessoa vulnerável. Já Fernando foi absolvido da acusação, mas condenado a três meses de prisão e multa de 4 mil dólares por ser cúmplice do crime. 

Após negociações complexas envolvendo o Itamaraty e fianças pagas pelo Grêmio, os jogadores foram liberados para retornar ao Brasil, mas tiveram que se comprometer a voltar à Suíça se convocados para novas audiências. Apesar disso, eles não retornaram e foram julgados à revelia pela Justiça suíça

No país, eles foram julgados de acordo com a lei e condenados, mas não acabaram presos, pois o Brasil não extradita seus cidadãos. 

Anulação do Julgamento

A anulação do julgamento realizada em janeiro deste ano não representa uma absolvição formal das acusações feitas contra Cuca. Afinal, conforme registra O Globo, o Tribunal Regional de Berna-Mittelland, na Suíça, anulou o julgamento por falhas processuais.

Portanto, a decisão não entrou no mérito da acusação. Sendo assim, como não houve um novo julgamento, Cuca não pode ser considerado culpado pela acusação. A extinção do processo, porém, não garante sua inocência. 

Por fim, vale ressaltar que a vítima do caso faleceu em 2002, aos 28 anos. Em abril do ano passado, em entrevista ao Globo Esporte, a diretora dos Arquivos do Estado do Cantão de Berna, Barbara Studer, afirmou que o processo provava que havia sêmen de Cuca no corpo da vítima — e que a vítima o havia reconhecido durante a investigação do caso.

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