Recente contratação do técnico pelo Atlético Mineiro causou críticas de torcedores por passado polêmico do técnico, que inclui um caso de abuso sexual
A recente contratação de Cuca como o novo treinador do Atlético-MG para a temporada de 2025 gerou uma onda de críticas nas redes sociais, com torcedores expressando seu descontentamento em relação à decisão da diretoria do clube.
As vozes contrárias à escolha lembram o passado polêmico do técnico, que inclui um caso de abuso sexual ocorrido na Suíça em 1987, quando ele ainda era jogador. O episódio ficou conhecido como Escândalo de Berna.
Cuca, agora com 61 anos, inicia sua quarta passagem pelo Atlético-MG após ter a condenação anulada pelo Tribunal Regional de Berna-Mittelland, na Suíça. O tribunal decidiu anular o julgamento devido a falhas processuais, mas essa decisão não abordou o mérito da acusação. Assim, a anulação não implica uma declaração de inocência ou culpabilidade, mas sim o encerramento do processo.
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O incidente que envolve Cuca remonta a julho de 1987, durante uma excursão do Grêmio à Suíça para participar da Copa Philipps. Após uma partida bem-sucedida contra o Benfica, quatro jogadores da equipe foram presos sob a acusação de atentado violento ao pudor contra uma menor de idade:Cuca, Eduardo, Fernando e Henrique.
A jovem, que na época tinha apenas 13 anos, relatou ter sido levada para um quarto onde foi submetida a abusos. Segundo o depoimento da vítima, ela estava nos corredores do hotel onde a delegação do Grêmio estava hospedada. A jovem apontou que estava em busca de lembranças da equipe gaúcha quando foi levada ao quarto 204.
No quarto, ela teria tirado a blusa fazendo uma mímica do presente que gostaria de ganhar — visto que os atletas não entenderam quando ela falou francês e alemão. Assim, ela acabou sendo abusada sexualmente por cerca de 30 minutos.
Os atletas alegaram que a adolescente aparentava ser maior de idade e que ela teria adentrado voluntariamente no quarto em busca de uma camisa do time. No entanto, depoimentos contraditórios surgiram e levaram à condenação dos jogadores por parte da justiça suíça.
Os quatro permaneceram presos por um mês. Em 1989, Cuca, Henrique e Eduardo acabaram sendo condenado a 15 meses de prisão e ao pagamento de 8 mil dólares por violência sexual contra pessoa vulnerável. Já Fernando foi absolvido da acusação, mas condenado a três meses de prisão e multa de 4 mil dólares por ser cúmplice do crime.
Após negociações complexas envolvendo o Itamaraty e fianças pagas pelo Grêmio, os jogadores foram liberados para retornar ao Brasil, mas tiveram que se comprometer a voltar à Suíça se convocados para novas audiências. Apesar disso, eles não retornaram e foram julgados à revelia pela Justiça suíça.
No país, eles foram julgados de acordo com a lei e condenados, mas não acabaram presos, pois o Brasil não extradita seus cidadãos.
A anulação do julgamento realizada em janeiro deste ano não representa uma absolvição formal das acusações feitas contra Cuca. Afinal, conforme registra O Globo, o Tribunal Regional de Berna-Mittelland, na Suíça, anulou o julgamento por falhas processuais.
Portanto, a decisão não entrou no mérito da acusação. Sendo assim, como não houve um novo julgamento, Cuca não pode ser considerado culpado pela acusação. A extinção do processo, porém, não garante sua inocência.
Por fim, vale ressaltar que a vítima do caso faleceu em 2002, aos 28 anos. Em abril do ano passado, em entrevista ao Globo Esporte, a diretora dos Arquivos do Estado do Cantão de Berna, Barbara Studer, afirmou que o processo provava que havia sêmen de Cuca no corpo da vítima — e que a vítima o havia reconhecido durante a investigação do caso.
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