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Matérias / Egito Antigo

Relembre as curiosas tatuagens encontradas em múmias egipcias

Estudo publicado em 2022 analisou o significado por trás das instigantes tatuagens encontradas em múmias do Egito Antigo

Redação Publicado em 01/01/2025, às 14h00 - Atualizado em 02/01/2025, às 19h02

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As tatuagens identificadas - Anne Austin et.al
As tatuagens identificadas - Anne Austin et.al

Em meados de 2022, as pesquisadoras Anne Austin e Marie-Lys Arnette publicaram um estudo no Journal of Egyptian Archaeology, na qual investigam instigantes tatuagens encontradas em múmias da antiga cidade de Deir el-Medina (vila do Antigo Egito), datadas entre 1550 a.C. e 1070 a.C.

Para elas, os registros estariam associadas ao culto do deus egípcio Bes, conhecido por proteger mulheres e crianças, especialmente durante o parto.

As autoras realizaram escavações em duas tumbas em 2019, onde descobriram indícios de tatuagens preservadas em pele de múmias. A busca por essas marcas é desafiadora, uma vez que a conservação do tecido é rara, conforme destacado por Austin. 

"Como nunca desembrulharíamos pessoas mumificadas, nossas únicas chances de encontrar tatuagens são quando os saqueadores deixaram a pele exposta e essa ainda está presente para vermos milênios depois que uma pessoa morreu", enfatizou a arqueóloga ao Live Science naquele ano.

As tatuagens

Entre os achados estava o osso do quadril esquerdo de uma mulher de meia-idade, que apresentava padrões de coloração escura na região lombar. Perto dessa tatuagem, foram identificados símbolos associados a Bes e a uma tigela, ambos relacionados aos rituais de purificação após o parto.

Outra tatuagem estudada foi encontrada em uma mulher de meia-idade em uma tumba vizinha. Embora mais difícil de visualizar a olho nu, foi analisada com fotografia infravermelha, revelando um Olho de Hórus e uma possível imagem de Bes adornado com penas. Estes elementos têm conotações de proteção e cura.

A divindade Bes, descrita pelo Museu Egípcio e Rosacruz - Tutankhamon, tinha uma aparência peculiar e era considerado um guardião contra forças malignas, protegendo gestantes e crianças devido à sua feiura.

Austin observou que as tatuagens também continham linhas onduladas representando pântanos mencionados em textos médicos antigos como auxiliares no alívio das dores menstruais e durante o parto.

Antigas estatuetas

A coautora Arnette revisitou estatuetas de argila descobertas anteriormente na região e notou que três delas estavam decoradas com tatuagens semelhantes às das múmias.

Essas figuras são representativas de mulheres ligadas aos rituais pós-parto, indicando uma tradição que possivelmente se estendia além da vila estudada.

Ambas as pesquisadoras expressaram a esperança de que futuras investigações revelem mais evidências sobre a prevalência dessas práticas no antigo Egito, podendo assim elucidar se eram comuns apenas em Deir el-Medina ou se faziam parte de um fenômeno mais amplo.