Foto ilustrativa de músico - Gaye Gerard/Getty Images
Ciência

Trauma cerebral em músico causou condição que leva a 'enxergar' a música

Caso raro de sinestesia foi provavelmente desencadeado por lesão na cabeça de músico, que ficou mais criativo

Eduardo Lima, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 18/05/2023, às 14h21

Um homem de 66 anos, professor de música e dono de uma carreira como intérprete e compositor, sofreu um acidente de motocicleta em 2021 que o atirou a 30 metros de distância de seu veículo. Após uma lesão e uma hemorragia que não foram muito graves, o músico desenvolveu uma nova capacidade de sinestesia musical, acompanhada de um aumento na atividade criativa do cérebro que durou alguns meses.

Um relatório de caso sobre as possíveis consequências fascinantes de um trauma cerebral em um músico foi publicado no dia 7 de maio no periódico científico Neurocase.

A capacidade sinestésica adquirida por ele consiste em uma mistura dos sentidos. O homem enxergava as notas musicais em sua mente enquanto as escrevia na partitura, algo que, segundo ele, nunca havia acontecido antes. Alguns artistas já nascem com essa condição neurológica, como a cantora Lorde, que enxerga cores quando escuta sons, conseguindo, de certa maneira, 'enxergar' a música que ouvia e tocava.

Criatividade aguçada

Outra habilidade desenvolvida após o traumatismo foi a capacidade de dar nome aos acordes depois de só ouvir uma canção, algo como um "ouvido absoluto", que é como é chamada a característica quando a pessoa consegue identificar todas as notas musicais só escutando.

Também uma possível consequência da lesão cerebral, o homem teve uma criatividade aguçada durante alguns meses. Segundo o LiveScience, o músico se sentia compelido a compor de madrugada.

Em outros casos, pacientes também já desenvolveram sinestesia ou tiveram um aumento na função criativa após um trauma. Porém, esse é o primeiro registro dos dois fenômenos no mesmo paciente, sugerindo que ambas condições provavelmente envolvem as mesmas vias neurológicas. É importante salientar que não é possível desenvolver uma relação direta entre a lesão e as capacidades adquiridas após o evento.

Problemas cognitivos e de memória também vieram após o traumatismo cerebral. Todos esses possíveis sintomas foram desaparecendo ao passo que ele se recuperava da lesão, fortalecendo a hipótese da relação entre os eventos.

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