Na Bahia, mulher 'descobre' que é casada com o próprio cunhado

Imagine descobrir, anos após se casar, que nos registros oficiais você é esposa do seu próprio cunhado. Foi exatamente esse susto que a governanta baiana Fábia Almeida levou em 2021, mesmo estando legalmente casada com Acel Menezes desde 2012.

O erro foi identificado de forma inusitada, quando o cunhado, Abel Menezes, precisou emitir a segunda via de um documento e notou algo absurdo: constava no sistema que ele era casado com Fábia.

Descobrimos através da segunda via da certidão de nascimento do meu irmão. Na observação da segunda via da certidão, apareceu que ele tinha casado com Fábia, minha esposa, sendo que eu tenho a nossa certidão de casamento toda certinha", contou Acel ao G1.

O casamento de Fábia e Acel aconteceu oficialmente em novembro de 2012, na cidade de Biritinga, no interior da Bahia. Porém, por causa de uma provável falha de digitação no cartório ou erro na digitalização dos registros, o nome do noivo foi lançado de forma incorreta, e Abel, irmão do verdadeiro marido, acabou aparecendo como o cônjuge no banco de dados.

Dor de cabeça

A confusão parece coisa de filme, mas virou uma realidade complicada para a família. A situação, que mistura burocracia, constrangimento e desgaste emocional, exige que tanto a mulher quanto o homem façam constantes viagens até Serrinha — cidade a 172 quilômetros de onde moram atualmente, em Abrantes, distrito de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador.

Além do impacto na rotina, o erro também trouxe dores de cabeça profissionais.Abel, o cunhado que aparece como marido de Fábia nos registros, enfrenta dificuldades para atualizar seus documentos e, por isso, teve a promoção no trabalho travada. Ele vive em Juazeiro, no norte da Bahia, e precisa se deslocar cerca de 7 horas até Serrinha para tentar resolver o problema.

"Brincam que ela é casada com dois irmãos, que a gente releva para não se chatear, mas é uma situação constrangedora para quem está vivendo", desabafa Acel. A semelhança entre os irmãos, que têm nomes quase idênticos — Acel e Abel Menezes —, os mesmos sobrenomes e datas de nascimento próximas, pode ter sido um dos fatores que contribuíram para o erro: Abel nasceu em 16 de agosto de 1981, e Acel em 15 de agosto de 1986.

Apesar de todas as piadas que escutam, o sentimento do casal é de frustração. Para Fábia, a maior dor foi ouvir que talvez precisasse se divorciar de Acel para regularizar a situação. "Eu casei com tanto amor, quando vejo as fotos desse dia eu me emociono. Agora eu talvez precise descasar para resolver a situação e eu não quero isso, não foi um erro meu", lamentou.

Solução

Segundo o G1, de acordo com a defensora pública Julia Lordelo dos Reis Travessa, esse tipo de confusão pode acontecer na transição dos registros físicos para os digitais, algo cada vez mais comum no Brasil. "Os irmãos podem ter os registros nos mesmos cartórios e podem estar em ordem alfabética muito próxima", explicou.

Apesar da dor de cabeça enfrentada pela família, a defensora esclarece que não é necessário se divorciar para resolver o problema. A recomendação é procurar a Defensoria Pública da Bahia, que pode orientar e encaminhar o processo de correção, inclusive remotamente — sem a necessidade de viagens até a cidade onde o casamento ocorreu.