Cena da nova temporada de Stranger Things - Divulgação/ Netflix
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Stranger Things: 'Russofobia' e 'anticomunismo' na série incomodam internautas

Nova temporada de uma das séries de maior sucesso da Netflix estreou na última sexta-feira, 27

Fabio Previdelli Publicado em 30/05/2022, às 11h31

A espera finalmente acabou. Após cerca de três anos, a quarta temporada de Stranger Things finalmente estreou no catálogo da Netflix na última sexta-feira, 27. Como é de se imaginar, a produção é um dos assuntos mais discutidos atualmente na internet. 

Se por um lado muito se tem elogiado a narrativa mais madura e aterrorizante desta primeira parte do quarto ano; por outro, muito se vem discutindo a contextualização histórica da trama, que se passa na segunda metade dos anos 1980. (A partir de agora o texto contém spoilers sobre a nova temporada de ‘Stranger Things’).

Cena da nova temporada de Stranger Things / Crédito: Divulgação/ Netflix

 

Com os novos episódios da série, descobrimos que o chefe de polícia Jim Hooper não morreu ao fim temporada passada, mas sim que foi capturado pelos russos e enviado a um presídio ultrassecreto no país.

Como a trama se desenvolve no auge da Guerra Fria, os russos são tratados como inimigos americanos — assim como em grande partes de filmes da época —, embora essa discussão não seja o ponto central da trama. 

Mas o que vem incomodando alguns internautas é justamente essa forma caricata e demonizada que os russos vêm sendo demonstrados: desumanizados, brutais, frios e que fazem tudo pelo dinheiro — até mesmo trair seus compatriotas. 

O que levou muitos usuários do Twitter a apontarem traços de anticomunismo na nova temporada da série:

A mesma problemática de Stranger Things 3 que pode ser notada no primeiro ep de Stranger Things 4. URSS saindo como vilã no “mundo perfeito do capitalismo” 💀

— Davi 🥀📚 ☭ (@caochupandom) May 27, 2022

gostei mt de st, mas n deixa de ser uma serie alienada q coloca os eua como bonzinho e pais da liberdade, e a URSS totalmente anacronizada em plena década de 80 e como a vilã da história, mas esperar o que de uma série americana

— daniel (@danieelpsm) May 30, 2022

mais sobre o anti-com de Stranger Things: EUA não supera a derrota na corrida espacial pra URSS né? não perdem UMA oportunidade de retratar soviete como burro e tonto. E adora colocar máquinas disfuncionais quando retratam tecnologia russa
Muita dor de cotovelo, procurem terapia.

— oiCabie☭🧜🏽‍♀️#TeamLinn #MDMD3 #BemFeitoJoguinho (@oiCabie) May 29, 2022

Além do anticomunismo, stranger things retrata uma caricatura da URSS dos anos 40-60. A série se passa em 1986. Nem pra estudar as diversas caricaturas que os EuA fizeram sobre a URSS tiveram competência. Muito uó.

— Kauan Willian 🚩🏴🌱 (@kakobelmont) May 30, 2022

As reclamações consistem não apenas na estereotipização dos personagens, mas também na diferença visual quando os dois cenários (URSS e EUA) são mostrados em cena: com a Rússia comunista sempre sendo mostrada em um cenário com cores 'mortas', enquanto os Estados Unidos sempre aparecem com uma paleta mais colorida e alegre. 

Isso não é a toa, não é uma mera coincidência, é uma forma de substituir o real pelo imaginário.

Assim, ao pensar em comunismo, pensamos logo em um ambiente triste, enquanto que ao pensar nos EUA, coração do capitalismo, imaginamos um lugar colorido, acolhedor e alegre.

— Emanoel Daflon 🌎 | YouTube: Emanoel Daflon (@professordaflon) May 29, 2022

A gente já sabe qual a intenção de mostrar os Estados Unidos com cores fortes e vibrantes e a URSS/Rússia como um lugar frio e de cores mortas

— Gui Jong Un (@Stalinspears) May 29, 2022
Cena da nova temporada de Stranger Things / Crédito: Divulgação/ Netflix

 

Por fim, existem também aqueles que não enxergam a série apenas como uma crítica exclusiva aos soviéticos e ao comunismo, mas que, de modo geral, ela aponte problemas em ambos as esferas políticas, como por exemplo o governo americano, que passa por cima de qualquer padrão ético para fazer testes em crianças.

para de choro coisa chata, nos eua da série tentam matar criança e escondem massacre. Mas só tem “crítica” a urss sim vai nessa. Eu não tenho nada contra o comunismo o problema são os defensores chatos onde tudo é uma crítica ao mesmo aff https://t.co/YuNqUOWCre

— fabi🏳️‍🌈 (@f4biDeE) May 30, 2022

Mas tem gente que não comprou muito bem essa narrativa:

"ah mas mostra sim" ninguém disse que não mostra. Eu tô falando de ENFASE, de pintar O GOVERNO NORTE AMERICANO COMO VILÃO.

Não, o "vilão" é um doutor, não o governo. Um doutor chamado de papai e que tentam construir um laço afetivo deturpado.

— Roque | Charlie Spring supremacy 🍂 (@gaybieu) May 30, 2022

"ah mas claramente obviamente descaradamente a construção dele como pai é abusiva e manipuladora"

mas percebe que ela é construída pra fazer tu acreditar que, talvez, no fundo, ele não seja tão horrível assim? enquanto os comunistas são os vilões imorais e sem escrúpulos?

— Roque | Charlie Spring supremacy 🍂 (@gaybieu) May 30, 2022
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